Crédito: Arquivo | Agência Brasil

Selic em 2,25% ao ano: fim da renda fixa para o pequeno investidor?

SEX. 19 JUN

A quebra de recordes não para no Brasil e parece que em 2020 viveremos um ano histórico neste sentido. Com a Selic em 2,25% ao ano, estamos no patamar mais baixo desde sempre para a taxa básica de juros da economia. Mas será que isso vai evitar um desastre de quase dois dígitos no PIB? Parece improvável.

Com a decisão tomada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), em 17/06/2020, a Selic chegou ao menor nível desde o início da série histórica do Banco Central, em 1986.

Um pouco de história em relação à Selic: de outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa foi mantida em 7,25% ao ano e passou a ser reajustada até alcançar 14,25% ao ano em julho de 2015. Em outubro de 2016, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa chegasse a 6,5% ao ano em março de 2018, só voltando a ser reduzida em julho de 2019.

O corte de 0,75 ponto percentual na Selic era esperado pela maior parte dos analistas e agentes do mercado financeiro. Quem talvez esteja ainda mais perdido diante disso tudo é o pequeno investidor. A Selic em 2,25% ao ano bagunça a sua vida? O que muda? Será o fim da renda fixa?

Selic em 2,25% ao ano. Vai cair mais?

Antes de abordar um pouco esta questão, vale contar que o BC ainda deve baixar um pouco mais Taxa Selic até o fim do ano. Em comunicado, o BC disse que as recentes reduções foram normais levando em conta o cenário econômico e que ainda pode fazer o que chama de “ajuste residual” na taxa.

“O Copom entende que, neste momento, a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo monetário extraordinariamente elevado, mas reconhece que o espaço remanescente para utilização da política monetária é incerto e deve ser pequeno. O comitê avalia que a trajetória fiscal ao longo do próximo ano, assim como a percepção sobre sua sustentabilidade, são decisivas para determinar o prolongamento do estímulo”, afirmou o BC, em nota.

Em outras palavras, o BC associa a manutenção dos juros em patamares tão baixos ao cuidado com os gastos públicos a partir de 2021. Ou seja, se a expansão fiscal não for controlada e amarrada a novas reformas e planos neste sentido, a taxa pode voltar a subir (e rápido).

Selic em 2,25% ao ano: por que ela sobe e desce?

O Banco Central é o “guardião da nossa moeda”, como costumam dizer alguns economistas. Neste sentido, uma de suas principais missões é manter o poder de compra do Real, o que significa manter a inflação sob controle.

É consenso dizer que a Taxa Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter a inflação sob controle. Inflação essa medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Para 2020, a meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 4%, com tolerância de 1,5% para cima ou para baixo. Para ter uma referência, o IPCA medido no acumulado de 12 meses terminados em março fechou em 3,3%, o menor resultado acumulado em 12 meses desde outubro do ano passado.

Considerando a meta, a inflação ao final do de 2020 não deve ser maior que 5,5% ou menor que 2,5%. E aqui está um dos desafios do BC para o ano, uma vez que com a pandemia a inflação estimada para o ano está abaixo de 2%, segundo dados do boletim Focus. Para 2021, a meta oficial é de 3,75%, também com margem de 1,5% para cima ou para baixo.

Cabe lembrar que no fim de 2019 a inflação subiu bastante por conta da carne e do dólar, mas agora arrefeceu porque tanto a produção quanto o consumo foram interrompidos com a situação da pandemia do coronavírus.

Uma Taxa Selic mais baixa permite condições mais baratas de financiamento, empréstimos e crédito, o que tende a aquecer a economia e elevar os preços (inflação), justamente o que o Brasil precisa neste momento.

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Por Conrado Navarro

Educador financeiro, Cofundador Dinheirama, AutoVideos e Grão**

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