Fruticultura potiguar espera comercializar R$ 1,5 bilhão em 2023

 

Produtores de frutas do Rio Grande do Norte projetam expansão do setor e fortalecimento nas vendas para Europa, Estados Unidos, Canadá e China

O Comitê Executivo de Fruticultura do Rio Grande do Norte (Coex) está otimista com as projeções de 2023 para o setor potiguar. Segundo Fábio Queiroga, presidente da entidade, a expectativa é que a comercialização de frutas nos mercados interno e externo alcance cifras próximas ao valor de R$ 1,5 bilhão ao longo deste ano.

No último ano, o setor exportou cerca de US$ 163 milhões, o que equivalia a aproximadamente R$ 850 milhões. Com base nisso, analisando a balança comercial de 2022, estima-se que 44% das exportações potiguares foram da fruticultura.

Para atingir as metas esperadas neste ano, Fábio Queiroga, presidente da Coex, diz que os produtores potiguares pretendem aumentar entre 15% e 20% o uso de contêineres. “Isso ainda está muito aquém do potencial que podemos alcançar. O Estado do Rio Grande do Norte é o único do Brasil que tem abertura do mercado chinês para um tipo de fruta, que é o melão. A China é um dos maiores centros consumidores de alimentos do mundo”, explica Fábio Queiroga.

O período de pandemia afetou o comércio de frutas do Rio Grande do Norte, no entanto, o presidente do Coex explica que isso não se deu devido à diminuição do consumo. “Com a pandemia, tivemos dificuldades por questões de limitações logísticas, que estamos buscando vencer agora, para começar a colocar nossas frutas na China, abrindo espaço para futuras temporadas com números bastante aumentados, quando comparados a este ano que já vai ser um dos maiores da história”.

Apesar de ser o maior consumidor, o mercado chinês ainda não é o principal destino das frutas potiguares, que, em sua maioria, desembarcam na Europa. No entanto, Fábio Queiroga espera que melhorias na logística irão, pouco a pouco, abrir mais portas no destino asiático, que deve ganhar bastante espaço na produção potiguar.

“Quando tivermos uma logística para o mercado Chinês, isso poderá impactar de forma contundente os números produzidos hoje, porque a China é o grande consumidor de melão do mundo”, diz Queiroga.

O Rio Grande do Norte produz atualmente cerca de 20 mil hectares de melão por ano. O fator positivo que faz o RN tão relevante no mercado é a condição climática que permite a produção praticamente o ano todo, diferentemente dos países do hemisfério norte, inclusive a própria China, que além de ser o país campeão no consumo, também é na produção, com cerca de 450 mil hectares produtivos.

“O grande diferencial da nossa região é que nós conseguimos produzir quando os países situados no hemisfério norte não conseguem. Então, a gente pega uma janela totalmente desabastecida e consegue comercializar nossa fruta, praticamente, sem concorrência no instante que estamos produzindo aqui com a melhor performance”, diz Queiroga, que completa: “Nós conseguimos produzir o ano todo, mas para atender com a performance que os mercados mais exigentes requerem, essa produção se dá nos meses sem chuva. E enquanto aqui existe essa condição, mercados como Europa, China, Estados Unidos e Canadá não estão produzindo frutas e ficam com a janela aberta, já que o mercado está totalmente desabastecido e não tem concorrência”, reforça Queiroga.

Esse período de melhor produção, do qual fala Fábio Queiroga, é entre os meses de agosto e março. No mês de julho, já foram iniciados os trabalhos de plantio, e os primeiros embarques já começam agora neste mês.

Quando se fala em logística, um dos principais gargalos é a questão do embarque das frutas para a exportação. O Rio Grande do Norte, apesar de ser grande exportador, tem perdido a capacidade de despachar a produção a partir de terminais locais, mas não por opção dos produtores.

“Os produtores não preferem outro estado para exportar a fruta potiguar. Na verdade, nós temos contratos com as duas companhias que mais têm participação na logística da nossa fruta, que é a Semear e MSC, e essas companhias escolheram os portos cearenses porque têm navios de grande calado que requerem uma estrutura maior.

Desafortunadamente, nós temos limitações no Porto de Natal, tanto de calado de altura por causa da ponte, como de calado de profundidade que é um ambiente com um acesso raso, e não comporta navios de maior porte, que são os que essas empresas, MSC e Semear, trabalham atualmente”, diz Fábio Queiroga.

Existe ainda uma empresa no Rio Grande do Norte, a Agrícola Famosa, que exporta sua produção a partir do terminal de Natal. No entanto, Queiroga explica que ela tem acordo com uma empresa que utiliza navios de porte menor e com estrutura que já não é mais a preferência dos produtores potiguares, pois transporta as frutas em uma espécie de porão refrigerado, e não em contêineres, como é preferido atualmente.

  Revista Negócios
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