Economista levanta os fatores que influenciam nesta elevação e dá sugestões a quem deseja ficar com as contas em dia.
Crédito: Divulgação/Freepik

Estudo aponta 65,45 milhões de brasileiros endividados

QUI. 23 MAR

O número de cidadãos inadimplentes voltou a crescer em fevereiro deste ano e atinge a marca de 65,45 milhões de brasileiros, apontando que quatro em cada dez brasileiros adultos estavam negativados em fevereiro de 2023. Os dados são da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), que divulgaram na última semana um levantamento sobre a inadimplência no país.

Segundo o economista e professor da Estácio, Eduardo Amendola, vários fatores influenciam no endividamento atualmente na economia brasileira, como inflação e juros básicos (Selic) elevados. “O aumento da taxa de juros impacta diretamente na capacidade de pagamento dos consumidores, por tornar as dívidas mais caras e, por isso, difíceis de serem quitadas”, destaca.

Outros motivos que ajudam a entender a inadimplência brasileira, segundo Amendola, são a instabilidade econômica no país, além da alta taxa de desemprego e a queda do poder aquisitivo dos consumidores — que afetou a capacidade de pagamento das dívidas. “O excesso de crédito disponível e a facilidade de acesso ao mesmo podem levar ao endividamento dos consumidores. A falta de análise de risco na concessão de crédito pode levar ao aumento da inadimplência, já que consumidores que não possuem capacidade financeira de arcar com as dívidas acabam contraindo mais débitos do que podem pagar”, avalia o professor da Estácio.

Os dados analisados no levantamento do SPC Brasil e da CNDL são referentes a informações de capitais e interior de todos os estados brasileiros. A pesquisa revelou ainda que em fevereiro deste ano cada consumidor negativado devia, em média, R$ 3.895,09 na soma de todas as dívidas, com destaque para a evolução das dívidas com o setor bancário, com crescimento de 28,98%, seguido de água e luz (13,27%). No geral, o número de dívidas em atraso no Brasil teve crescimento de 17,41% em relação ao mesmo período de 2022.

“A expectativa para os próximos meses ainda é de uma taxa de inadimplência elevada, isso porque o índice de inflação de fevereiro não havia incorporado a reoneração dos combustíveis e os reajustes salariais. Assim, podemos esperar uma inflação ainda maior para março, pressionando o poder de compra das famílias e podendo levar à inadimplência”, comenta.

Amendola acrescenta também que o custo do crédito deve permanecer elevado, contribuindo de maneira negativa para o equilíbrio financeiro dos brasileiros. “Diante deste cenário, a opção do consumidor é realmente procurar diminuir os gastos, controlar bem o orçamento e se organizar para não acabar na inadimplência”, destaca.

  Revista Negócios
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