Startups são inovadoras em sua origem, com ideias que podem transformar padrões de negócios e propor novas estrutura de mercado. No entanto, em sua fase inicial, muitos elementos ainda são incertos e pouco definidos. Para oferecer mecanismos que contribuam neste contexto, a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) se uniram e firmaram contratos com objetivo de garantir recursos não reembolsáveis aos projetos de Pesquisa Desenvolvimento e Inovação (PD&I) de pequenos empreendedores. Mais de 130 empresas já foram beneficiadas, gerando R$ 85 milhões em 139 projetos.
A empresa Bioxthica, startup incubada na Incamp (Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp), foi uma das beneficiadas pela parceria EMBRAPII/Sebrae. O projeto é uma realidade virtual interativa unificada a sensores que utiliza tecnologia de reconhecimento de movimentos corporais para ajudar no tratamento de terapia de reabilitação motora. Veja mais sobre este projeto no Canal da Inovação. A área da Saúde, aliás, é a que mais possui projetos envolvendo startups e pequenas empresas, respondendo por 36%. Logo em seguida, Agro (Alimentos e Bebidas), com 16%, Sustentabilidade, Telecom e Equipamentos Industriais, com 8% cada.
A EMBRAPII é uma organização social que tem contrato de gestão com os ministérios de Ciência Tecnologia e Inovações (MCTI), Educação (MEC) e Saúde. A entidade tem como missão incentivar a inovação na indústria nacional, com divisão de riscos e custos. A Organização investe até 1/3 das despesas de projetos de PD&I de empresas com recursos não reembolsáveis, e o restante é dividido entre a Unidade EMBRAPII (centros de pesquisa credenciados na rede da instituição) e a companhia parceira. No contrato com o Sebrae, o apoio financeiro ao empreendedor é ampliado. O modelo auxilia os empresários a complementarem suas contrapartidas nos projetos, o que na prática garante parte da parcela da empresa, aumentando o percentual de recursos não-reembolsáveis para seus projetos de inovação industrial.
A adesão e o sucesso do primeiro contrato superaram as expectativas e o aporte do Sebrae de R$ 20 milhões, previsto para ser usado em quatro anos, foi totalmente utilizado em apenas dois anos. O segundo contrato, firmado em novembro do ano passado, no valor de R$ 30 milhões, já teve a primeira fase finalizada e gerou 25 projetos de inovação de 34 empresas. O Sebrae investiu R$ 3,8 mi nesses projetos, que resultou em cerca de R$ 15 milhões em investimentos em inovação.
Projetos contratados (tipos de desenvolvimento):
48% são de produtos e processos
36% são de produtos
16% são de processos
Conheça as modalidades
Há três modalidades previstas no Contrato. Uma delas é o “Desenvolvimento Tecnológico”, exclusiva para micro e pequenas empresas e garante o aporte financeiro do Sebrae de até 70% da contraparte da empresa. Um exemplo é o da startup Salvus, que desenvolveu projeto para aperfeiçoar a utilização de gases medicinais em tratamentos de saúde, como em casos de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica – DPOC. A tecnologia gera maior segurança ao paciente, precisão da posologia médica e menor desperdício ao evitar vazamentos, tanto em hospitais quanto em homecares. Somente neste ano, foram firmados 16 projetos nessa categoria, no valor total de R$8 milhões.
Já na segunda modalidade, o “Encadeamento Tecnológico”, o aporte pode chegar em até 80% da contrapartida da empresa, sendo que ela não poderá ser inferior a 10% do valor total do projeto. Nesse modelo, há um incentivo em unir startups com médias e grandes empresas. A Basf, empresa química que oferece soluções para manejo agrícola de pragas e doenças, participou com a startup Horus do desenvolvimento de um software para drone de monitoramento agrícola, para detectar os locais de maior infestação de pragas e vegetação doente no cultivo de soja. O monitoramento preventivo e de maior abrangência por meio do dispositivo permitirá identificar falhas de plantio, com menor uso de herbicida em locais saudáveis. Nessa modalidade, estão sendo apoiados seis projetos de inovação, totalizando R$ 6 milhões.
A terceira possibilidade de contrato é chamada de “Aglomeração Tecnológica”, quando o incentivo à inovação envolve a criação de consórcios de empresas. A proposta inclui uma ou mais MGEs (Médias e Grandes Empresas), atuando em parceria com pequenos empreendedores que tenham uma demanda comum. Foram apoiados três projetos num valor total de R$ 598 mil, entre eles o projeto que vai desenvolver uma formulação desodorante em bastão com óleos essenciais nanoencapsulados. Veja mais detalhes aqui.
EMBRAPII e Sebrae contra a Covid-19
Durante a pandemia, parte dos recursos foram reservados para projetos de enfrentamento à Covid-19. Entre eles, a otimização da produção da proteína S do coronavírus SARS-COV-2. Acredita-se que a maioria dos anticorpos seja voltada contra ela, porém, há dificuldade em produzi-la em laboratório. Com o escalonamento da produção, tornou-se possível desenvolver testes sorológicos para diagnósticos mais precisos e econômicos do que os disponíveis no mercado, como os de PCR, por exemplo. Outra solução tecnológica é um sistema integrado de câmeras termais e convencionais, um software vai mapear o risco de contágio do novo Coronavírus. Todos os dias, ao ingressar no edifício, funcionários e visitantes terão imagens de calor e de identificação registradas e armazenadas em nuvem. As respostas se transformarão em dados para basear ações de prevenção de contágio.
“Precisamos ajudar as startups e as pequenas empresas a inovarem, pois hoje em dia inovação é questão de sobrevivência no mercado. A parceria com o Sebrae permite que a gente facilite a viabilização de ideias inovadoras para que elas saiam do papel e ganhem espaço no mercado nacional e internacional", conclui o diretor de planjemanto da EMBRAPII, José Luis Gordon.