Os Correios fecharam o ano de 2022 com um resultado negativo de R$ 800 milhões, herdado da gestão anterior. A informação consta do balanço econômico-financeiro submetido à aprovação do Conselho de Administração da estatal na última sexta-feira (24).
O resultado foi fortemente impactado pelo provisionamento de contingências trabalhistas, que somaram um valor de R$ 1 bilhão. “As projeções realizadas até setembro de 2022 apontavam para um lucro de R$ 1,5 bilhão porque esse provisionamento não estava sendo feito”, afirmou o presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, que assumiu a gestão da empresa no início de fevereiro.
A maior parte do total (R$ 614 milhões) resulta de uma reclamação trabalhista que foi objeto de julgamento definitivo do Tribunal Superior do Trabalho (TST) ainda em 2021. Mesmo assim, o contingente não foi previsto nos balanços dos três primeiros trimestres de 2022.
O outro provisionamento, no valor de R$ 409 milhões, refere-se à reclamação trabalhista que teve trânsito em julgado em outubro de 2022, mas que também não vinha sendo lançado pela diretoria anterior no balanço.
A inconsistência permitiria à gestão anterior anunciar um lucro de R$ 200 milhões em 2022. Com a reclassificação correta dos lançamentos, os Correios na verdade encerraram o ano passado com resultado negativo de R$ 800 milhões, sendo R$ 716 milhões de prejuízo operacional. No período, as receitas somaram R$ 22 bilhões, contra despesas de R$ 22,8 bilhões.
“A fim de aprimorar a governança dos Correios e evitar novas ocorrências do tipo, estamos assinando um acordo de cooperação com a Advocacia-Geral da União (AGU) para usar seu sistema de gestão de processos. Trata-se de uma moderna ferramenta que automatiza tarefas que hoje são realizadas de maneira manual e controla as etapas dos processos, reduzindo o risco de contingências como essas não serem adequadamente classificadas e provisionadas”, afirmou o presidente da estatal.
Além das contingências trabalhistas, outros itens que contribuíram para o resultado negativo de 2022 foram o atingimento de apenas 84% das receitas projetadas com vendas para o ano (R$ 20,5 bilhões de um total de R$ 24,3 bilhões) e a perda de receitas excepcionais trazidas pelo aumento do e-commerce na pandemia de Covid-19, que haviam gerado, de maneira atípica, R$ 5,3 bilhões.
“É importante destacar que, apesar do resultado de 2022, o caixa da empresa continua robusto e saudável. O histórico dos Correios comprova que, quando bem geridos, são lucrativos e rendem dividendos para a União”, afirmou Santos.
Segundo o presidente da estatal, a atual gestão irá submeter à aprovação do Conselho de Administração, junto com o balanço, uma proposta inicial de ações prioritárias de curto e médio prazo para a recuperação da empresa, que será detalhada aos empregados e à sociedade nas próximas semanas.