As contas externas brasileiras apresentaram resultado positivo pelo quarto mês consecutivo. Em junho, houve superávit em transações correntes, que são compras e vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda do país com outras nações.
O resultado ficou positivo em US$ 435 milhões, mas foi bem menor que o de junho de 2017: superávit de US$ 1,328 bilhão. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (26), em Brasília, pelo Banco Central (BC).
No primeiro semestre, foi registrado déficit primário de US$ 3,586 bilhões, contra o superávit de US$ 584 milhões em igual período de 2017.
Entre os componentes das transações correntes está a balança comercial (exportações e importações de mercadorias), que apresentou superávit de US$ 5,512 bilhões no mês passado e US$ 27,485 bilhões, no primeiro semestre.
Segundo o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, o resultado das contas externas foi impactado pelo crescimento das importações em ritmo maior que das exportações. Isso aconteceu porque, com o crescimento da economia no primeiro semestre, aumentou a demanda por produtos importados. No primeiro semestre, as importações cresceram 18,4%, enquanto as exportações apresentaram expansão de 5,5%. “O maior dinamismo das importações fez com que houvesse uma redução no superávit comercial”, disse Rocha.
Especificamente em junho, Rocha disse que os dados foram afetados pela greve dos caminhoneiros. Com a paralisação, as exportações diminuíram. Nas duas primeiras semanas de junho, a média diária de exportações ficou em US$ 800 milhões. A partir de 11 de junho, houve recuperação, com a média diária em US$ 1,027 bilhão.
A conta renda primária (lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários) ficou negativa em US$ 2,136 bilhões de déficit no mês, e US$ 15,568 bilhões de janeiro a junho.
A conta de renda secundária (renda gerada em uma economia e distribuída para outra, como doações e remessas de dólares, sem contrapartida de serviços ou bens) teve resultado positivo de US$ 178 milhões no mês e US$ 1,239 bilhão no primeiro semestre.
A conta de serviços (viagens internacionais, transporte, aluguel de investimentos, entre outros) anotou saldo negativo de US$ 3,119 bilhões em junho, e de US$ 16,742 bilhões nos seis meses do ano.
Viagens internacionais
Os gastos de brasileiros em viagem ao exterior chegaram a US$ 1,487 bilhão em junho, total menor do que de junho de 2017: US$ 1,510 bilhão.
No resultado acumulado, mesmo com dólar mais caro, os gastos ainda são maiores neste ano do que em 2017. De janeiro a junho deste ano, os gastos de brasileiros no exterior ficaram em US$ 9,573 bilhões, contra US$ 8,805 bilhões do mesmo período no ano passado. Apesar desse crescimento, Rocha avaliou que o ritmo de expansão está menor. “Há uma correlação muito forte e rápida em função da taxa de câmbio” disse.
Já as receitas de estrangeiros no Brasil chegaram a US$ 379 milhões em junho, e em US$ 3,240 bilhões nos seis meses de 2018. Em junho, a conta de viagens internacionais, formada pelos gastos de brasileiros e as receitas de estrangeiros, ficou negativa em US$ 1,109 bilhão e acumulou US$ 6,333 bilhões nos seis meses do ano.
Investimentos estrangeiros
Quando o país registra saldo negativo em transações correntes, precisa cobrir o déficit com investimentos ou empréstimos no exterior. A melhor forma de financiamento do saldo negativo é o investimento direto no país (IDP), porque recursos são aplicados no setor produtivo.
Em junho, esses investimentos chegaram a US$ 6,533 bilhões e nos seis meses do ano ficaram em US$ 29,878 bilhões. Esse resultado do primeiro semestre é mais que suficiente para cobrir o déficit em transações correntes no período.
Apesar disso, houve redução desses investimentos em relação ao ano passado, que, no primeiro semestre de 2017, chegaram a US$ 36,221 bilhões. “Os investimentos diretos, não obstante tenham se reduzido, continuam num montante acumulado bastante robusto e mais que suficiente para financiar integralmente o déficit em transações correntes”, disse Rocha.
Ele afirmou ainda que este ano houve redução de investimento direto com valores acima de US$ 1 bilhão. Neste ano, a primeira operação nessa faixa de valor ocorreu em junho, no total de US$ 1,038, enquanto que no primeiro semestre de 2017 esses investimentos já totalizam US$ 7,986 bilhões.
“Em geral, as operações de valor menor são para expansão de investimento em empresas já estabelecidas no país. As operações maiores tendem a se referir a aquisições ou resultados de leilões de concessão de petróleo e outros”, disse. Rocha acrescentou que neste ano houve “desaceleração de leilões”.
Fonte: Agência Brasil