“Nós temos uma concorrência bancária no Brasil muito pequena”, diz Robson Andrade.
Crédito: Ascom Fiern

Os juros precisam ser dosados para não prejudicar o crescimento, diz presidente da CNI

TER. 02 MAI

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, afirma que a atividade econômica está em queda, os juros cobrados nos empréstimos no Brasil estão acima da capacidade de pagamento das empresas e o país se tornou um mestre em perder oportunidades para atração de investimentos.

“Para termos crescimento e desenvolvimento, é claro que a inflação não pode ser elevada, todos nós concordamos com esse ponto. No entanto, precisamos dosar esses juros para que a Selic atenda a meta de inflação e não prejudique a atividade econômica”, diz Robson Andrade.

Ele participou de debate sobre juros, inflação e crescimento, nessa quinta-feira (27), no Senado Federal, em companhia, entre outros, dos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos.

Segundo o presidente da CNI, nas últimas décadas, o Brasil teve um crescimento abaixo de 1% em média, o que é inadmissível para um país com o potencial de uma indústria diversificada e competente dentro dos seus muros, mas que perde a competitividade quando começa a participar do mercado.

“Se nossa indústria não tem inflação de oferta, onde está a demanda? Nós temos sofrido muito com uma demanda fraca e temos visto setores com diversas dificuldades, como o automobilístico, que deu férias coletivas, por falta de demanda. Em função disso, a indústria está produzindo pouco. A capacidade instalada das nossas fábricas está em 60%”, explica.

Somente o crescimento econômico, diz Robson Andrade, será capaz de corrigir injustiças históricas com o povo brasileiro, como baixa renda, o desemprego e a má qualidade dos serviços de educação, saúde e segurança. “É claro que o baixo crescimento não é resultado apenas dos juros altos”, afirmou ele.

No debate, o presidente da CNI, lembrou que, nas últimas décadas, o Brasil teve um crescimento abaixo de 1% em média, o que é inadmissível para um país com o potencial de uma indústria diversificada e competente

Juros altos encarecem o crédito e restringem o crescimento da economia

As altas taxas de juros se tornaram um freio na economia e no crédito. A previsão da CNI para este ano é de um recuo de 2,9% nas concessões de crédito na comparação com o ano passado. Robson Andrade explica que desde a taxa de juros média cobrada de empresas e consumidores na economia brasileira passou de 20,1% ao ano, em março de 2021, para 31,2% ao ano em fevereiro de 2023.

“Não tem nenhuma atividade industrial, empresarial, que tenha condições de enfrentar uma situação dessas. O banco que faz um empréstimo nessas condições, se está pensando na rentabilidade das empresas está indo na direção errada”, explica.

O elevado custo do crédito e o seu acesso limitado são problemas crônicos do Brasil, que vão além da Selic elevada. Na avaliação da indústria, esses problemas precisam ser enfrentados com medidas estruturantes, como, por exemplo, estimular a concorrência bancária.

“Nós temos uma concorrência bancária no Brasil muito pequena, com o sistema financeiro concentrado em apenas dez bancos. Além dessa baixa concorrência, convivemos com spread elevadíssimo e juros muito altos, que andam na contramão do investimento”, conclui o presidente da CNI.

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