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Empresas apostam em oferta de infraestrutura e tecnologia para atender crescimento dos neobanks

 

Quinto país com o maior número de neobanks no mundo, o Brasil tem acompanhado o rápido crescimento dessas instituições, impulsionado pelas mudanças no mercado financeiro. Em todo o mundo, o número de neobanks passou de 60 em 2018 para 256 em 2020, um crescimento de 326%. A América Latina concentra 50 instituições ativas, o que representa 19,5% do total, segundo dados da pesquisa Exton Consulting. Outro estudo, realizado pela Accenture, revelou que no Brasil os neobanks são usados por 44% dos respondentes, dos quais 21% são clientes com uma conta primária e 23% com conta secundária. A média global é de 23%, dos quais 12% têm contas primárias e 11%, secundárias.

O perfil pioneiro do brasileiro em relação à média global impulsionou o investimento em tecnologia e acelerou a evolução do mercado financeiro. Para Felipe Santiago, CEO da CashWay, techfin de Florianópolis/SC, o grande diferencial dos neobanks é a aposta na tecnologia. “Essas instituições saem na frente porque investem pesado em sistemas modernos que tornam a operação mais ágil e simplificada e proporcionam uma melhor experiência para os usuários”. Essa nova configuração do mercado financeiro é uma oportunidade para empresas que estão apostando em ofertar infraestrutura e tecnologia para os neobanks.

Sistema de implantação rápida e flexível

A Cashway oferece uma solução de Bank as a Service (BaaS) para que os neobanks possam ter todo o back office bancário, com mobile banking e internet banking, sem precisar desenvolver um sistema próprio, agilizando o lançamento de soluções digitais em relação às instituições financeiras tradicionais. A implementação do sistema pode ser feita em até quatro dias e uma das principais vantagens está no modelo de contratação por meio de franquia de serviços: solução para que os neobanks tenham à disposição todos os módulos de um sistema, sem a necessidade de grandes investimentos.

Ainda segundo Santiago, a cobrança é feita sobre o volume de transações que aconteceram durante o mês. Ou seja, o cliente só paga por aquilo que usa. “Neste modelo nós estamos crescendo junto com nossos usuários, o sucesso deles vai gerar o sucesso da CashWay. Por exemplo, se fecharmos um cliente e não o engajarmos, o resultado será um baixo número de transações, o que não irá gerar receitas suficientes para a CashWay”, explica.

Diferencial competitivo de neobanks modificam o mercado de transações de câmbio

Os contratos de câmbio sempre foram áreas seguras dos bancos tradicionais, mas este cenário está mudando com a consolidação de players nativos digitais. Enquanto os bancos tradicionais realizam as movimentações em até 72h, os neobanks realizam as transações em segundos. Isso só é possível com tecnologias de automação, executadas por integração de softwares. Este é o caso da FacilitaPay, startup para pagamentos e transações financeiras cross-borders que, em 2021, já processou 31 milhões de transações de câmbio, movimentando US$ 2,43 bilhões por meio de sua plataforma.

De acordo com Stephano Maciel (cofundador e CEO), a integração de software (API) central da fintech realiza a conversão de câmbio, depois a transação transfronteiriça e então credita o saldo na conta bancária do cliente, em questão de segundos. “Para otimizar burocracias financeiras, nós criamos um sistema que, independente do valor transacionado, consegue realizar os processos sem interação humana. Com isso, as milhares de movimentações de pagamento ou recebimento cross-borders, são consolidados em uma única transação internacional”, explica Maciel. Na prática, o saldo disponível na carteira digital de pagamentos do usuário pode ser facilmente movimentado com acesso ao dashboard da plataforma. “O cliente define quanto será convertido em outra moeda, assim como, quando quer que o valor esteja em sua conta bancária. Assim, ele sempre pode aproveitar a melhor cotação monetária”, complementa o CEO da FacilitaPay.

Tecnologia ajuda neobanks a entender o mercado financeiro

O mercado financeiro no Brasil tem passado por mudanças em infraestrutura e tecnologia para atender os neobanks, com destaque para produtos que facilitam as operações e simplificam a integração. Exemplos disso são as nuvens híbridas, que combinam ambientes de cloud privados e públicos, as plataformas de API e a oferta de software como serviço (SaaS). A RTM, o principal hub integrador do mercado financeiro, fornece soluções que ajudam esses bancos a se integrarem com provedores e outros players do setor, inclusive com infraestruturas tradicionais. Uma empresa da ANBIMA e da B3, a RTM é a única especializada em telecomunicações e tecnologia para o segmento financeiro, reunindo mais de 650 instituições. Cerca de 5% da carteira de clientes da companhia corresponde a neobanks.

“Uma das principais dificuldades dos bancos digitais é entender como funciona e como se adaptar aos processos do mercado financeiro, que ainda utiliza em sua maioria, infraestruturas tradicionais. Iniciativas de inovação são fundamentais para que o país continue buscando novos caminhos para atender essa demanda crescente”, afirma Adriane Rêgo, diretora Comercial e de Produtos da RTM. Uma delas é o Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas, coordenado pela Fenasbac e pelo Banco Central do Brasil, o LIFT Lab, do qual a RTM é parceira tecnológica. O ecossistema une reguladores, mercado financeiro, fintechs e parceiros para desenvolver propostas inovadoras para o Sistema Financeiro Nacional, funcionando como um ambiente experimental do setor.

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