Volume de exportação gera aumento no preço da carne

 

A preocupação com o aumento do preço das carnes está deixando o churrasco do final do ano cada vez mais salgado. Isso porque nos últimos meses, o preço repassado para o consumidor final está se intensificando devido à alta demanda de exportações, a diminuição no índice de chuvas e a baixa quantidade de estoque disponível para o mercado local. De julho a novembro, o valor da arroba do boi subiu 66%, e a exportação cresceu 10%, especialmente para países como Rússia e China.

O aumento no preço das carnes é uma tendência normalmente percebida durante esta época do ano. Entre julho e novembro, o período da entressafra sofre com a estiagem causada pela diminuição de chuvas, o que afeta no desenvolvimento do boi e na produção das carnes. “Aliado a isso, houve uma maior demanda internacional para exportação de carnes, principalmente para China e Rússia. Isso significa menor disponibilidade para o mercado interno e, consequentemente, alta nos preços”, explica Maísa Silva, diretora comercial da M&M Indústria Alimentícia.

Entre as causas da variação nos preços, a exportação foi a principal. Entre julho e novembro, houve um crescimento de 10% no número de exportações, de acordo com Maísa Silva. Em comparação com o mesmo período de novembro de 2018, o crescimento na demanda por carnes foi de 35%. Os dados da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) somam-se ao aumento também da demanda no consumo motivado pelas festas e comemorações de final do ano. “São esses os fatores que causam o aumento no preço das carnes para o mercado, isso faz com que o consumidor final também perceba essa variação”.

Essa variação nos preços acaba sendo observada pelo consumidor final, que cada vez mais fica preocupado com o churrasco e as festas do final do ano. Enquanto em julho o valor da arroba do boi estava na casa dos R$ 120, em novembro esse valor subiu para R$ 200, representando um aumento de 66%, segundo explica Maísa Silva. Os frigoríficos acabam sofrendo com a diminuição na oferta, enquanto a demanda aumenta nessa época do ano - o que acaba contribuindo para o aumento nos preços. “No mês de julho, por exemplo, o contrafilé estava custando por volta de R$ 23 o quilo. Hoje, está na casa dos R$ 30”, comenta a diretora comercial.

O aumento nos valores das carnes passa a influenciar na transferência de consumo para outras proteínas, que consequentemente reduzem a oferta. “O preço das carnes suínas cresceu, em média, 15%, enquanto o do frango já chegou a subir 20%. O consumo é mudado, mas isso acaba também afetando no preço desses produtos: quando a quantidade do frango e suínos não atendem ao consumo do mercado, o preço aumenta em cadeia”, pontua a representante do Grupo M&M.

A tendência é que até dezembro ainda se observe o aumento no preço das carnes pelo mercado, como consequência dos mesmos fatores. “É possível que os preços aumentem devido à entressafra e ao alto consumo durante as festas e churrascos de final de ano”, comenta a diretora comercial. A partir de janeiro, no entanto, de acordo com Maísa Silva, é esperado que os valores voltem ao normal. “É nessa época que as chuvas retornam e começa-se a ter um equilíbrio em relação à produção e oferta de bois. Isso vai ajudar a ampliar a oferta com a venda de volumes maiores e o abastecimento do mercado”.

Consumidor precisa estar atento
Maísa Silva explica que os consumidores precisam ficar muito atentos à procedência da carne que estão consumindo. Com o aumento na demanda de final de ano e a pouca oferta disponível no mercado, algumas pessoas acabam adquirindo produtos clandestinos, de origem duvidosa e sem controle de qualidade, seja na ilusão do preço mais barato ou na necessidade de abastecimento. Assim, o consumidor final acaba caindo numa cilada que pode, inclusive, causar algum problema de saúde.

“Como o mercado está muito aquecido e a oferta diminui, existe uma tendência de haver um aumento, também, na venda de produtos clandestinos. Quando um restaurante ou um açougue não consegue comprar uma carne, eles acabam procurando o mercado clandestino”, explica Maísa Silva. “O consumidor tem que ter muita atenção com a procedência da carne que está adquirindo para não cair na cilada de comprar produtos que não tenham procedência”, conclui.

 

  Revista Negócios
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