"RN precisa inserir temática de investimento-anjo na agenda prioritária"

 

Camila Farani é empreendedora serial e investidora-anjo. Reconhecida no Brasil como uma das mais atuantes no segmento de startups e empreendedorismo, é um dos “tubarões” do Shark Tank Brasil que todo navegador sonha em esbarrar nos oceanos empresariais da vida. Sócia da G2 Capital e de uma série de empresas investidas por ela e sua teia de co-investidores, Camila Farani dedica seu tempo aos seus negócios mas também a ajudar empresas e empresários com orientações. Desde 2016, integra o time de investidores do Shark Tank Brasil, franquia de sucesso mundial Shark Tank que entra em sua terceira temporada no Brasil em 2018. Atuando com mais de 100 investidores realizando investimentos, Camila é apaixonada por Natal e enxerga também na capital potiguar oportunidades. Nesta entrevista, exclusiva à Revista Negócios, ela compartilha um pouco da sua experiência. Confira:

 

Como surgiu essa sua capacidade de enxergar potencial em negócios?
Começou na primeira operação fundada pela minha mãe, no centro do Rio de Janeiro, que se chama Tabaco Café, onde comecei a trabalhar aos 16 anos. Depois entrei para a faculdade, mas não parava de pensar em como poderia inovar na loja, aumentar o faturamento, e ter sempre um diferencial competitivo. Fiz uma pesquisa nas redondezas e descobri que cafeterias estavam criando novos produtos e então decidi implantá-los. Combinei com minha mãe que se eu batesse a meta de 30% de aumento de vendas eu trocaria por participação no negócio. Em 30 dias atingi 28%. Não bati os 30%, porém ela me disse: “Você demonstrou atitude e coragem, características essenciais para quem quer prosperar na vida, então merece um %”. Naquele momento eu entendi que poderia fazer a diferença desde que tivesse coragem. 
   

Desde quando é investidora anjo e em quais empresas já investiu?
Entrei em 2011 no Gavea Angels, um dos primeiros grupos de investimento anjo do Brasil, e comecei então a fazer parte desse universo de investimento. Sou sócia de startups como Green Pallets, B Pass, Hotelli entre outras. Além de aceleradoras como ACE. Atualmente sou presidente da G2 Capital, uma butique de investimento anjo para continuar investindo através de um veículo mais eficiente e com outros investidores. 


Qual a faixa de recursos financeiros que está disposta a investir?
A G2 Capital investe até 800 mil em empresas nascentes de tecnologia. 
 

Quais os parâmetros que considera e quanto tempo demora para avaliar um negócio?
Via de regra, primeiramente, avalio o modelo de negócio se tem escalabilidade, um mercado grande e potencial de retorno. Depois o time de fundadores e equipe. Quais suas experiencias e se têm founder market/fit, ou seja, se são aderentes e apaixonados pelo que fazem. Em média avalio em 2 meses. 


Você tem investidores parceiros? Como se faz para co-investir com você? 
Basta entrar em contato pelo meu site ou site da G2 Capital ou ser conectado via pessoas ligadas a mim. 
 

Qual o caminho mais sustentável para que uma ideia se transforme em negócio?
Primeiramente execução e validação de premissas, escutar possíveis clientes, fazer customer development e começar a vender. Vejo muitas ideias que levam meses de planejamento e não se sustentam no primeiro contato com o cliente. Ter um time complementar, saber suas fraquezas e ser ótimo em seu ponto forte, delegando suas fraquezas para um possível sócio que tenha isso como ponto forte.
 

Que conselho dá para as mulheres sobre conciliar vida de casa, família com esta vida agitada profissional?
Faça o que gosta, com isso terá sempre folego para continuar e encarar essa vida agitada com mais tranquilidade. Buscar o equilíbrio em alguma força maior, seja ela a natureza, ou qualquer forma que você acredite lhe trocar a melhor energia para reenergizar a alma. Estar presente de quem lhe faz sorrir e lhe dê conforto. Não consigo ficar sem meus cachorros, ao menos uma vez por semana separo um dia para ir vê-los e abraçá-los, amo fucinhos.
 

O que é maior no mundo do empreendedorismo: risco ou a oportunidade?
Os dois.


O Shark Tank Brasil é um divisor de águas na sua trajetória?
Sem dúvida está sendo. Apurou meu olhar enquanto investidora além de me fazer conhecer empreendedores (as) incríveis Brasil afora como a Green Pallets de Natal, que é um lugar que eu sempre tive uma imensa afinidade.  O programa cresceu da primeira para a segunda temporada mais de 110% na audiência e isso mostra o potencial de sucesso do formato.  Acho o programa um momento em que eu possa, além de ser eu mesma, fazer o que gosto, analisar empresas e investir. Posso também colaborar com a criação de conteúdo e passar informação para os empreendedores e investidores do nosso país. Sendo essa mais uma vertente do meu propósito.
 

A Camila Farani é acessível e está sempre aberta a receber qualquer proposta de empresas que desejam investimentos?
Sim, tenho uma ótima equipe que trabalha para mim, eles recebem diariamente solicitações e propostas que respeitados uma linha de processo possuem devida destinação. Consigo atender dentro da minha limitação de tempo e atividades. 
 

O Rio Grande do Norte tem uma atmosfera ativa de empreendedorismo e startups. Qual o caminho para buscar atenção nacional de grandes investimentos?
Creio que já chama, mas algumas coisas podem fazer sentido como eventos para unir empreendedores, investidores. Colocar isso na agenda prioritária e envolver pessoas que façam acontecer, sem rodeios e com força de execução. 
 

  Revista Negócios
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