Carlos Von Sosten, conhecido como o 'mago das startups', costuma dizer que a "inovação tecnológica é uma vocação do Rio Grande do Norte". Coordenador do projeto SebraeLab, ambiente que funciona como uma espécie de laboratório para aproximar empreendedores inovadores e para a remodelagem dos negócios do futuro, localizado dentro do Sebrae potiguar, ele acredita muito que Natal tem um potencial enorme para criar um ecossistema de startups.
Uma pesquisa da Associação Brasileira de Startups - Abstartups, em parceria com Accenture (empresa global de consultoria de gestão, Tecnologia da informação e outsourcing), divulgada pelo jornal VALOR, apresentou um mapa com as mais prósperas comunidades de startups do Brasil. E Natal, com a Jerimum Valley, aparece destacada no mapa.
"O ecossistema de startups do RN é relativamente jovem. Começamos a 'surfar' nesta onda por volta de 2012. É nessa época que o espírito de comunidade começa a consolidar, a partir da ação de várias instituições e, principalmente, pela iniciativa de empreendedores inovadores", conta Von Sosten. A implantação do SebraeLab, o Metrópole Digital, projeto sustentado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, as incumbadoras criadas nas instituições de ensino federal, como as da própria UFRN e a do Instituto Federal do RN - IFRN, e as ações de organizações de fomento, como Sebrae, Senac, Senai, Empreende (UnP) e Anjos do Brasil/RN, levaram o RN à essa condição favorável de fortalecimento e avanço no ecossistema das startups.
Dois projetos já podem ser citados como bons exemplos, quando se fala em startups em Natal: Findme e Surfmappers. O primeiro é uma plataforma de gestão inteligente de equipes de segurança, enquanto o segundo tem como principal objetivo intermediar a comunicação entre surfistas e fotógrafos. "A Findme veio para revolucionar o mercado de segurança no Brasil. Nossa meta é gerenciar pela plataforma 20% ds operações de ronda e supervisão das empresas de segurança do Brasil, até o final do ano", explica, orgulhoso, Diogo Vinícius, CEO da Findme, que já se mudou para a Avenida Paulista. "Seremos a maior ferramenta para unir e compartilhar momentos (imagens) maravilhosos", aposta o programador e surfista, Vitor Hugo, CEO fundador da Surfmappers.
"Que venha a primeira startup unicórnio (empresas cuja avaliação de preço no mercado supera US$ 1 bilhão, antes de abrir seu capital em bolsas de valores) do Brasil, concebida no Rio Grande do Norte", torce o entusiasta Carlos Von Sosten.
Pesquisa
Em um esforço para promover essa "interiorização", a Associação Brasileira de Startups (Abstartups) fez, em parceria com a Accenture, uma pesquisa para entender onde estão as startups, como essas empresas se organizam e como está o entorno delas. É o chamado ecossistema, que inclui investidores, instituições de ensino, órgãos de fomento etc.
A radiografia, como foi batizado o material, contou com a participação de mil startups. Delas, 73% estão localizadas em 10 comunidades. Há pelos menos 130 espalhadas pelo país. Muitas delas são batizadas com nomes curiosos, que fazem alusão a alguma característica da região. É o caso de Jerimum Valley, em Natal; Rapadura, em Fortaleza; Pequi Valley, em Goiás; Caju Valley, em Aracaju; Cariocas, no Rio de Janeiro; Zebu Valley, em Uberaba; e Red Foot, em Londrina.
As comunidades normalmente se formam por iniciativa de empreendedores em regiões que contam com universidades com cursos na área de tecnologia, capazes de garantir a mão de obra necessária para levar a empreitada adiante. Prefeituras, governos estaduais, serviços como o Sebrae e empresas dão apoio operacional e financeiro.
Para João Kepler, do fundo Bossa Nova, que tem em seu portfólio uma dezena de empresas nascidas fora dos grandes centros, esse tipo de investimento é um bom negócio. Segundo ele, as companhias podem ter valor de mercado até 40% inferior ao de uma semelhante instalada nos polos mais conhecidos. Muitas vezes, essas companhias já estão em um estágio de desenvolvimento mais avançado e contam com a geração de receita, além de um modelo de negócios validado. "Os investidores têm a noção errada de que, por não estarem em um grande centro, as empresas não estão estruturadas. Mas esses 'caras' estão preparados. O que falta é acesso a capital e a investidores de ponta", diz.
De acordo com Pinho, da Abstartups, o plano é trabalhar com os 130 polos ao longo dos próximos três anos, mapeando vantagens competitivas e deficiências para sugerir eventuais mudanças de rotas. A ideia é agir como uma espécie de Projeto Tamar. Em vez de tartarugas, a meta é proteger as companhias no nascedouro para que mais delas tenham oportunidade de seguir adiante.
Alguns DADOS da Pesquisa:
MAPA DAS STARTUPS NO BRASIL
JARAQUI VALLEY
ManausRAPADURA
FortalezaJERIMUM VALLEY
NatalMANGUEZAL
RecifeSURURU VALLEY
MaceióCAJU VALLEY
AracajuSAN PEDRO VALLEY
Belo HorizontePEQUI VALLEY
GoiâniaCOLMEIA
UberlândiaZEBU VALLEY
UberabaZEROONZE
São PauloCARIOCAS
Rio de JaneiroRED FOOT
LondrinaCAPI VALLEY
CuritibaSUDOVALLEY
Sudoeste ParanáSTARTAP SC
Florianópolis
*Com informações do jornal VALOR