O Rio Grande do Norte vem se consolidando a cada dia mais quando o assunto é sustentabilidade. Em um cenário em que o Brasil enfrenta desafios como a evasão escolar, o desinteresse pelas ciências e a distância entre o que se aprende na escola e a vida prática, iniciativas potiguares têm mostrado que é possível transformar a realidade pela integração entre conhecimento, tecnologia e engajamento social, voltado para o cuidado com o meio ambiente.
Entre essas experiências de destaque está o InnovaGlobe 5.0, projeto da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) selecionado entre os oito melhores do Brasil em uma chamada pública da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). A proposta, idealizada pela professora Mariana Rodrigues de Almeida, do Departamento de Engenharia de Produção, combina ciência, tecnologia e sustentabilidade em uma metodologia inovadora que utiliza inteligência artificial, realidade aumentada e realidade virtual para ensinar e aprender de forma mais interativa.
O InnovaGlobe 5.0 está alinhado ao Programa GLOBE, coordenado pela NASA, que reúne escolas e universidades de mais de 120 países para investigar o planeta como um sistema vivo e interconectado. A partir de protocolos científicos internacionais, professores e alunos observam, coletam e analisam dados sobre as esferas da Terra atmosfera, solo, água e biosfera, conectando a prática científica ao cotidiano das escolas. O diferencial é que essas atividades, antes restritas a grandes centros de pesquisa, estão sendo adaptadas para a realidade da educação pública brasileira, abrindo caminho para que crianças e jovens aprendam ciências de maneira prática, crítica e envolvente.
Segundo Mariana Almeida, o projeto representa uma nova forma de pensar a educação: “Queremos que os alunos se sintam parte de uma grande rede global de aprendizados, usando tecnologia de ponta para compreender melhor o planeta. Mais do que ensinar ciência, buscamos inspirar uma geração capaz de olhar para o mundo com curiosidade, responsabilidade e esperança.” Concluiu.
Essa visão é o que faz do InnovaGlobe 5.0 não apenas um projeto acadêmico, mas um movimento pela transformação da educação pública, com impacto real nas escolas e comunidades. Todos os materiais e conteúdos desenvolvidos são disponibilizados gratuitamente no repositório EduCAPES, ampliando o alcance da iniciativa e garantindo que professores de qualquer parte do país possam utilizar as metodologias criadas pela equipe da UFRN.
Enquanto o reconhecimento nacional coloca o Rio Grande do Norte no mapa das inovações educacionais, o estado também ganha visibilidade internacional com sua participação na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que será realizada em Belém, entre 13 e 16 de novembro. A professora Mariana Almeida apresentará quatro trabalhos científicos durante o evento, levando à conferência experiências potiguares que unem educação climática, ciência cidadã e inclusão de meninas na ciência e na tecnologia.
Essas ações fazem parte de um esforço coletivo que vem sendo articulado entre a UFRN, a Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e do Lazer (SEEC/RN) e instituições como a Agência Espacial Brasileira (AEB), por meio do Projeto Meninas no Espaço. O programa incentiva a participação feminina na ciência e tem alcançado resultados expressivos ao envolver estudantes da rede pública em temas como sensoriamento remoto, satélites educacionais e monitoramento ambiental, aproximando a juventude da ciência e da sustentabilidade.
O protagonismo potiguar também será evidenciado em 2025, quando o estado sediará a Feira e a etapa final das Olimpíadas Nacionais GLOBE, evento inédito no Rio Grande do Norte que reunirá escolas de todo o país com apoio da NASA, da NOAA e da AEB. A realização marca um passo importante na consolidação de um ecossistema educacional e tecnológico comprometido com o futuro do planeta, em que ciência, inclusão e inovação caminham juntas.
Com essas iniciativas, o Rio Grande do Norte mostra que a ciência pode nascer de onde há vontade de aprender e transformar. O estado, que já se destaca na geração de energia limpa, agora se projeta também como referência em educação climática, tecnologia aplicada e formação científica, provando que o Nordeste é terreno fértil para ideias que unem conhecimento e esperança. O sucesso de projetos como o InnovaGlobe 5.0 revela que, quando universidade, escola e comunidade se unem, a educação floresce e, com ela, um novo modo de pensar o futuro.