Setor previa um crescimento de 10% neste ano, projeção frustrada devido à pandemia
Crédito: Divulgação | Hotaviva

Produtores de orgânicos do RN se associam para fortalecer o mercado

TER. 17 NOV

O mercado de alimentos orgânicos no Brasil busca se reformular após os impactos da pandemia no consumo desses itens e refazer os cálculos de projeções de crescimento, estimado em 10% para este ano. No Rio Grande do Norte, o setor também busca novas estratégias para retomar o ritmo de vendas e conquistar mais consumidores desses gêneros, que movimentavam, até 2019, cerca de R$ 4,6 bilhões em todo o país. Uma dessas estratégias foi o associativismo.

Liderado pelo Sebrae no Rio Grande do Norte, um grupo de 30 produtores fundou a Associação dos Produtores e Produtoras do Estado do Rio Grande do Norte (Apoern), que reúne agricultores com certificação orgânica e também aqueles aspirantes ao título, mas que já atuam com produção agroecológica, além de revendedores desses produtos.

Segundo a gestora do projeto Desenvolvimento Setorial nos Territórios - Horticultura Orgânica do Sebrae-RN, Sergina Dantas, o principal desafio que a entidade terá pela frente é justamente buscar alternativas para ampliar a participação desses alimentos na rotina de consumo dos potiguares. "A pandemia do novo coronavírus inibiu a venda direta, devido à proibição de manter em funcionamento as feirinhas para não gerar aglomerações, e também brecou grande parte do fornecimento desses itens a redes de supermercados e mercadinhos, perda que a instituição do delivery como opção logística não conseguiu compensar", avalia Sergina.

Os produtores confirmam esse efeito negativo. “Fomos afetados pela pandemia como todos os demais segmentos. Felizmente como somos essenciais, não houve uma interrupção nas entregas. Mas ocorreu uma diminuição significativa na procura, principalmente em supermercados. Aumentou o delivery, mas não o suficiente para compensar a queda das vendas nas lojas”, avalia o presidente da Apoern, produtor Marcos Aurélio de Sena.

Essa retração, segundo Sena, está muito vinculada à fragilidade desse setor no estado. “O mercado potiguar de orgânicos não é muito forte, infelizmente. Tem melhorado muito ao longo das duas últimas décadas, mas ainda é um tanto inconstante. Clientes fiéis e conscientes são poucos em relação à nossa população”, analisa.

Marcos Aurélio tem propriedade para avaliar esse cenário, já que é um dos precursores do das produção de produtos orgânicos no Rio Grande do Norte. Sena é proprietário da Hortaviva, uma empresa que atua nesse mercado desde 1995, vendendo para clientes na região de Natal e também abastecendo outros estabelecimentos com diversos itens.

A união dos produtores em associação busca justamente fortalecer esse segmento e estimular a aquisição entre mais consumidores, que, por outro lado, reclamam da falta de opções de estabelecimentos, da regularidade do fornecimento dos produtos e também dos preços, que ainda são altos e se tornam inacessíveis à parcela de menor poder aquisitivo da população. Os produtores acreditam que o aumento da oferta, aliado à conscientização acerca dos benefícios dos orgânicos, pode influenciar no aumento do consumo e, até, possível redução do custo.

“Em termos de ganho, as vantagens de estarmos reunidos em associação são inúmeras. Temos mais poder de negociação, tanto na venda dos nossos produtos, quanto na compra de insumos, pelo volume girado. Sozinhos somos fracos, juntos somos muito fortes”, reciocina Sena.

Origens

A associação foi fundada no início deste mês e funciona na Central da Comercialização da Agricultura Familiar e da Economia Solidária (Cecafes), que fica no bairro de Lagoa Seca, em Natal. A Apoern é resultado de um trabalho feito pelo Sebrae desde o ano passado junto a agricultores que almejavam por auditoria para conquistarem o selo orgânico e que viram no associativismo uma forma coletiva de unirem forças para fortalecer o setor de produção orgânica no Rio Grande do Norte.

O Sebrae, através do projeto Desenvolvimento Setorial nos Territórios - Horticultura Orgânica, promoveu um mapeamento dos produtores e da produção, identificando os agricultores com o perfil para ingressarem na associação. “Fizemos um trabalho não só de prospecção, mas principalmente de levantamento dos perfis, para que tivéssemos minimamente um grupo mais homogêneo, de condições técnicas de produzir orgânico, capaz de integrar a associação”, relata o consultor Gustavo Fonseca, credenciado pelo Sebrae para desenvolver esse trabalho.

A ação contou com capacitações do grupo, mesmo com as adversidades impostas pela pandemia, construção do estatuto e consultoria jurídica para fundação da associação, oficialmente constituída, durante assembleia realizada no dia 9 deste mês. Além de Marcos Aurélio de Sena, o grupo elegeu como vice-presidente a produtora Sandra Sely Silveira, que é proprietária da Orgânicos Baturité, em Mossoró, além de tesoureiros e membros da secretaria e do conselho fiscal.

A Apoern reúne 30 produtores – incluindo agricultores familiares - dos municípios de São Miguel, Pau dos Ferros, Apodi, Mossoró e a região da Grande Natal, tendo como finalidade se tornar uma central de negócios da produção de orgânicos do estado e fornecer assistência técnica, além de indentivar e apoiar a certificação dos produtores associados.

Agência Sebrae

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