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As principais tendências do mercado financeiro para os próximos anos

 

O Banco Central assumiu papel protagonista nos últimos anos em relação às inovações no setor financeiro, especialmente com o lançamento do Pix, seu sistema de pagamentos instantâneos, e o Open Banking, que deve ser implantado até o fim do ano. O órgão também estabeleceu o Sandbox Regulatório, ambiente no qual autoriza testes de inovações na área financeira ou de pagamento.

Embora o BC tenha enviado sinais claros de suas intenções para o setor financeiro – reduzir a concentração, estimular a concorrência e destravar investimentos –, os próprios players do mercado devem começar a atuar em cenários e lançamentos de produtos ainda desconhecidos, especialmente dentro de um contexto de transformação digital acelerado pela pandemia.

O diretor de Produto da fintech Juno, André Carréra, conta que o BC vem, ao longo dos anos, adotando medidas para simplificar o segmento, estimular a concorrência e diminuir custos. Ele cita a limitação de tarifas do cheque especial, que entrou em vigor no ano passado, o controle de taxas nas compras feitas com cartões de débito, de 2018, e a Resolução 3.954 que desburocratizou a figura do correspondente bancário.

“O BC saiu de um papel mais conservador para tentar modificar situações do segmento. Se há questões mal precificadas, vamos destravá-las de um jeito inteligente, consciente, forçando adoção de inovações, de competitividade, que vão gerar queda no custo de transações, o que é positivo para o país como um todo”, analisa Carréra. A criação das figuras de Instituições de Pagamento (como a Juno), e as Sociedades de Crédito entre Pessoas e Crédito Direto reduzam o custo de produtos e destravaram o crescimento.

Os sinais do Pix

O Pix teve um papel importante nessa posição. Mesmo após o lançamento do produto, ele segue em um planejamento agressivo. Ainda no primeiro semestre, o sistema de pagamentos instantâneo deve ter duas novidades: o Pix Cobrança (previsto para o primeiro trimestre), que permitirá a inclusão de juros, multas, desconto e taxa de vencimento como se fosse um boleto, e o Pix Garantido, que visa simular o cartão de crédito, que deve entrar em vigor até o meio do ano.

“O BC parou de olhar os números de instituições existentes e focou neste produto novo. Foi extremamente audacioso em termos de prazo, com uma grande mudança de perspectiva e resultou em um sucesso com a adesão em massa. Esta agilidade é desconfortável para muitas instituições, mas o Bacen está puxando muito mais”, diz. Em dois meses de 2020, o Pix movimentou R$ 150,3 bilhões em cerca de 176 milhões de transações.

O que vem por aí?

É difícil prever quais produtos e soluções serão lançados com o direcionamento feito pelo Banco Central, mas os players de mercado também se movimentam sozinhos rumo às inovações. Segundo Carréra, há três grandes tendências que devem se estabelecer: o fim da fidelidade dos consumidores a uma marca, o aumento da competição em produtos e a fusão dos pagamentos físicos e digitais.

“O BC puxa a frente e dá o tom para as empresas, mas o mercado se movimenta sozinho. O segmento está abrindo possibilidades de novos negócios que nem sequer entendemos ainda. Com o Open Banking, por exemplo, o relacionamento bancário com uma marca passa a ter menos importância, talvez a relação seja com grandes players do mundo digital e o consumidor nem tenha ciência de qual banco está por trás”, projeta o diretor de produto da Juno.

Nesse contexto, Carréra afirma que a aposta da Juno está na diferenciação de suas soluções. “O que nós conseguimos criar e oferecer com excelência para reter o cliente? O que entregamos de valor neste cenário mais competitivo, seja com integrações de produtos, soluções para e-commerces e novas iniciativas? Uma proposta de valor que se conecte com a gestão do negócio”, completa o especialista.

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