A rotina de pais que convivem com crianças atípicas, ou seja, aquelas que apresentam algum atraso no desenvolvimento, é repleta de desafios. São comportamentos inadequados provocados por síndromes e ou transtornos, que podem acabar desestabilizando todo o grupo familiar. Para minimizar os impactos, famílias inteiras têm adotado o mindfulness para agregar valor ao dia a dia dos pequenos.
Mais conhecido por Atenção Plena, ou mindfulness é uma técnica que pode ser feita em apenas um minuto. Segundo especialistas, a prática faz com que o indivíduo medite e coloque toda a sua disponibilidade na respiração, conectando-se com o momento presente. Para a psicóloga e consteladora sistêmica familiar, Mônica Accioly, a Atenção Plena tem sido tratada como essencial na relação de pais e filhos.
“No momento em que os pais se permitem estar mais presentes e concentrados naquilo que eles estão realizando com os filhos, os filhos também vão ter a condição de estarem mais presentes, concentrados e centrados no que precisam fazer. A Atenção Plena faz a gente buscar a visão das coisas sem julgamentos, de uma maneira mais compassiva. É uma capacidade natural e inata que todos nós temos de estarmos mais despertos e atentos na nossa vida, em contato direto com as coisas que estão à nossa volta, mas principalmente conosco”, explica.
A afirmação de Mônica representa o sentimento de diversas pessoas. É o caso de Janaína Sá, mãe de Anthony, de 12 anos. A criança convive com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Para mitigar sintomas de esgotamento emocional como ansiedade e estresse, decidiu entrar para o universo do mindfulness. Nesse período de pandemia, a técnica tem contribuído principalmente para a formação escolar de Anthony.
“Quando Anthony começou a praticar já percebi logo a mudança. Ele ficou mais forte emocionalmente. É como se ele conseguisse perceber e acessar o poder que é o autocontrole. Assim, as aulas on-line não tiveram repercussões negativas. As práticas trouxeram para ele a segurança que eu sempre sonhei. Não é que ele não fique mais nervoso, é que ele aprendeu que pode evitar uma crise emocional, antes bastante frequente, usando práticas de Atenção Plena. Isso é libertador, porque vejo a grande evolução no comportamento de uma criança que tem Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade e Autismo”, relata.
Além de ser mãe de criança atípica, Janaína empreende ao ajudar outras famílias divulgando informações em seu perfil no Instagram, o @paisefilhosespeciais, e a aplicar o Método 3R, que valoriza três aspectos: Respiração, Relaxamento e Resposta Consciente. O método veio a partir de um aperfeiçoamento chancelado pelas universidades de Massachusetts e Oxford, nos Estados Unidos, onde é certificada como Master Avatar pela Star’s Edge International. Todo o conteúdo é trabalhado de forma lúdica e envolve toda a família. O curso também é disponibilizado para profissionais da área da saúde que convivem com crianças atípicas.
“Uni minha experiência diária como mãe de uma criança com atraso no desenvolvimento para fazer com que outras pessoas possam vivenciar suas experiências de forma leve, tranquila e segura, não substituindo os tratamentos com especialistas. Durante a pandemia, tenho recebido muito feedback positivo de pais que tem inserido a Atenção Plena na rotina familiar. Isso não tem preço”, comemora Janaína.