Crédito: Marcello Casal Jr | Agência Brasil

Pesquisa revela empecilhos para o acesso ao crédito pelas MPEs

 

A dificuldade de acesso ao crédito sempre foi uma realidade para o segmento das micro e pequenas empresas, sobretudo em tempos de crise econômica no país. Com o advento da pandemia do novo coronavírus, a situação foi agravada em função dos reflexos da crise sanitária mundial. Uma pesquisa realizada pelo Sebrae no Rio Grande do Norte revelou que 25% do total das 368 empresas da amostra pesquisada tentaram obter um empréstimo bancário desde o início da crise da Covid-19. Destas que recorrem aos agentes financeiros, 24% conseguiram efetivamente o crédito solicitado. A maior parte (70,9%) são micro e pequenas empresas e o restante (29,1%) formado por Microempreendedores Individuais (MEIs).

Elaborada pelo Núcleo de Inteligência de Mercado, da Unidade de Inovação e Negócios do Sebrae-RN, a pesquisa denominada ‘Crédito em Tempos de Pandemia’ será apresentada e analisada numa live que acontecerá nesta quarta-feira (15), às 19 horas, no canal do Youtube do Sebrae-RN. A apresentação será feita pelo diretor técnico do Sebrae-RN, João Hélio Cavalcanti, juntamente com os analistas técnicos da Unidade de Inovação e Negócios da instituição, Paulo Ricardo Bezerra e Ruth Suzana Maia, esta última especialista em crédito.

Na avaliação do diretor superintendente do Sebrae-RN, José Ferreira de Melo Neto, a pesquisa mostra que um pequeno percentual de empresas buscou crédito e que apenas 24,2% efetivamente tiveram acesso ao crédito, o que comprova a dificuldade histórica da pequena empresa acessar a rede bancária, devido à burocracia, falta de garantia real e tantos outros empecilhos. As últimas pesquisas demonstram, conforme ele constata, que a falta de garantia real não se constitui um grande empecilho para o acesso ao crédito, mas os problemas com as restrições cadastrais. “A falta de garantia deixa de ser um fator preponderante para a concessão do crédito e o cadastro passa a ser o maior inibidor desse acesso”, afirma Melo.

O economista Zeca Melo acredita que, como a pesquisa foi realizada na última semana de junho (25 a 30), neste período a situação havia melhorado de alguma forma. Segundo o diretor do Sebrae-RN, outra evidência importante revelada pela pesquisa é que as empresas melhor estruturadas no aspecto da organização e gestão financeira, têm menos necessidade de recorrer aos agentes financeiros para a obtenção de crédito.

A busca por capital de giro foi a maior demanda dos empresários por recursos financeiros, identificada pela pesquisa, totalizando 74,7% das empresas, seguida da necessidade de dinheiro para o pagamento de salários dos funcionários (27,5%) e para pagar custos fixos (15,4%), comprar produtos ou insumos (13,2%), além de comprar equipamentos ou matéria prima (9,9%). Os agentes financeiros mais procurados pelos tomadores de empréstimos foram a Caixa (41,8%), o Banco do Nordeste (39,6%) e o Banco do Brasil (36,3%).

Esforço e resultado

Além dos 24% que obtiveram crédito com os agentes financeiros, 37,4% revelaram que estão aguardando resposta para os seus pedidos e outros 38,5% já receberam respostas negativas dos bancos. Os principais motivos apontados pela pesquisa para a não obtenção do crédito foram, desde a taxa de juros considerada muito alta para a capacidade de pagamento (22,9%), passando pela dificuldade de ser atendido ou até mesmo conseguir um contato com o banco (20,0%), até o fato da empresa estar negativada no CADIN/Serasa/SPC (17,1%) e sem condições de oferecer garantias reais ou avalistas (8,6%).

Em relação a situação de endividamento das empresas pesquisadas, a sondagem mostrou que 67,4% das empresas não possuem dívidas, enquanto que 16,8% têm dívidas em atraso e outras 15,8% possuem dívidas, mas que estão com o pagamento em dia. O valor médio dessas dívidas é de aproximadamente R$ 100 mil. Em relação à necessidade de contraírem empréstimos futuramente, 33,7% dos entrevistados vislumbram a possibilidade de buscar recursos com valor médio de R$ 75 mil. No tocante às garantias disponíveis, os tomadores de empréstimo relacionaram imóveis (36,1%), veículos (31,3%) e máquinas e equipamentos (19,6%). Apenas 27% dos empresários informaram não ter qualquer tipo de garantia a oferecer.

Indagados sobre sugestões para a melhoria dos serviços bancários na concessão do crédito, os respondentes da pesquisa recomendaram a redução da burocracia (59,2%), seguida da redução dos juros (47,6%) e a redução das taxas e impostos (23,6%). Também pediram a diminuição da exigência de garantias reais para a concessão dos recursos (17,7%) e das contrapartidas exigidas pelo banco (9,2%), além de maior prazo para pagamento do empréstimo (9,8%).

O diretor superintendente do Sebrae-RN destacou o esforço e o trabalho da instituição para orientar os empresários e empreendedores sobre a questão do crédito. Há dois meses o portal do Sebrae-RN lançou uma landing page específica denominada “Organize suas finanças” https://rn.sebrae.com.br/financas/ que já registrou 11.513 visualizações de página e 6.152 acessos de diferentes pessoas. Além disso, Zeca Melo lembrou conquistas importantes, a partir da articulação do Sebrae-RN para a aprovação do fundo de aval, o FAMPE, para a Agência de Fomento do Estado, visando aumentar a oferta de crédito para as pequenas empresas, e o lançamento do PRONAMPE, ocorrido após o dia 30 de junho, que certamente amenizou a dificuldade de acesso ao crédito por parte dos donos de pequenos negócios estabelecidos no Rio Grande do Norte.

Agência Sebrae

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