De olho em uma grande fatia de mercado - população que teve que abandonar os planos de saúde -, um grupo de médicos se uniu para abrir uma unidade clínica que será o primeiro hospital popular de Natal. O Saúde de Todos Clínica Médica começa a funcionar no dia 16 de abril, inicialmente com 28 especialidades médicas para consultas e exames laboratoriais e de imagem (como raio X, ultrassonografias e mamografia), bem como atendimento em psicologia e todas as subespecialidades da fisioterapia, mas com plano de expansão já traçado para se tornar hospital dia, no segundo semestre deste ano.
“Enxergamos uma lacuna nos serviços médicos na categoria popular, porque as clínicas populares oferecem consultas e exames diagnósticos, mas carecem dos serviços de tratamento, especialmente nos casos cirúrgicos”, explica o diretor médico, o ortopedista Rodrigo Cabral.
Pacientes sem plano de saúde e com diagnóstico e indicação cirúrgica em mãos se veem, hoje, diante de um dilema: esperar nas longas filas do SUS ou pagar o procedimento em hospitais particulares. O hospital popular surgirá como mais uma opção, para oferecer cirurgias de pequena e média complexidade por preços bem abaixo dos praticados na rede privada.
“Na categoria popular, os procedimentos cirúrgicos chegarão a ter uma redução no valor de até 50%, podendo chegar até a 70% em alguns casos, com facilidade de pagamento”, conta Cabral. O centro cirúrgico do Saúde de Todos ocupará o terceiro piso da unidade, localizada em Candelária, com duas salas cirúrgicas e 25 leitos funcionando como hospital dia.
O médico conta que o crescimento dos serviços populares de saúde é uma tendência de mercado. E os números da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) confirmam. Três milhões de pessoas cancelaram seus planos de saúde, desde 2014. Os principais motivos foram o desemprego provocado pela crise financeira e os reajustes das mensalidades, que têm sido muito superiores à inflação nos últimos anos.
Enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) cai, com variação anual inferior a 3%, as mensalidades dos planos individuais sobem mais de 13% por ano, desde 2015. As operadoras alegam que a inflação dos serviços médicos leva em conta a frequência de utilização dos usuários, maior longevidade da população e ampliação de coberturas com a incorporação de novas tecnologias diagnósticas e curativas.