O Dia Internacional do Empreendedorismo Feminino é celebrado em 19 de novembro, e o Dia da Consciência Negra no Brasil é comemorado no dia 20. Em Minas Gerais, na região da Zona da Mata, as duas datas servem para homenagear e destacar o trabalho de duas empreendedoras negras, que são exemplos de sucesso em suas áreas profissionais: uma terapeuta holística e uma engenheira civil.
Mercado terapêutico em alta
Vanessa Rocha Almeida é terapeuta holística em Juiz de Fora e atua no mercado há quatro anos. Sua empresa Colibri Saúde e Bem-estar é voltada para o ramo de beleza, cosméticos e cuidados pessoais. O foco é contribuir com quem busca a harmonia e o bem-estar por meio de produtos terapêuticos.
Com a pandemia, a empreendedora teve que realizar mudanças no negócio e focou no atendimento on-line, com a venda de produtos como aromatizadores florais, óleos terapêuticos, géis, óleos essenciais, orgonites (peças de cristal transformadoras e geradoras de energia) e japamalas (cordões sagrados feitos de contas e utilizados para meditação). Desde então, as vendas triplicaram e a empresa aumentou o número de clientes e a oferta de cursos.
“Estou aprendendo muito sobre vendas on-line. Além disso, comecei a expor mais meus produtos, por meio de vídeos e lives, que era algo que tinha dificuldade. Continuo nesse movimento de inovar e criar coisas diferentes. Tem sido um desafio no momento”, conta Vanessa.
Para fortalecer o negócio em tempos de pandemia, a empreendedora está construindo um movimento de integração e união de profissionais da área, por meio de uma plataforma de terapias on-line. Vanessa participou do programa Sebrae Delas, que integra as ações do Sebrae para incentivar, apoiar e orientar mulheres a transformarem sonhos em oportunidades de negócios.
“O programa foi o início das mudanças e tenho utilizado o conhecimento aprendido para continuar o trabalho de transformação no meu negócio. Sempre que busco uma informação, o Sebrae me auxilia. A consultoria on-line foi excelente durante esse período”, destaca.
Para o futuro, a empresária tem planos de continuar no ramo terapêutico, fortalecendo o projeto da plataforma de terapias on-line, e expandir cada vez mais o trabalho das terapias holísticas, integrativas e complementares para a saúde integral e o autoconhecimento.
Pioneirismo feminino na engenharia
Outra empreendedora que tem obtido bons resultados nos negócios é a engenheira civil e professora Olívia Rosa Gomes, da Lagos Engenheiras, primeiro escritório de engenharia do Brasil formado por duas mulheres. Ao lado da sócia, Carolina Lacorte, a empreendedora gerencia a empresa desde 2016. “Nosso diferencial é que somos um escritório administrado por mulheres e, por isso, captamos muitas clientes que querem entender mais sobre os serviços que estão contratando e a obra em si”, explica Olívia.
A Lagos também trabalha com campanhas de capacitação e empoderamento feminino, por meio de oficinas de pintura voltadas para as mulheres. “Por incrível que pareça, o fato de eu ser mulher sempre me abriu portas na engenharia. Já a cor da minha pele é um dificultador diário. Num primeiro momento, muitas pessoas ainda se espantam em ver uma mulher negra e engenheira. Nessa hora, percebo que preciso demonstrar meu conhecimento técnico logo no início, para aí sim eu ser ouvida e respeitada. Sei que para sempre terei que lidar com esse preconceito e me esforçar um pouco mais para mostrar a minha capacidade técnica”, destaca a empreendedora.
No início da pandemia, o escritório teve que suspender os trabalhos, e as proprietárias aproveitaram para se organizarem burocraticamente. Com a liberação das atividades pelo município, a empresa voltou a funcionar, porém, com uma demanda menor e de forma remota. “Transformamos todo o nosso negócio para a modalidade on-line e pretendemos continuar assim no pós-pandemia. Percebemos que os clientes gostaram mais deste novo formato”, explica a engenheira.
Hoje, Olivia enxerga que as transformações impostas pela pandemia resultaram em mudanças positivas em sua vida profissional. Com as melhorias realizadas nas redes sociais, a Lagos conseguiu mais visibilidade, o que gerou mais demandas de trabalho para as engenheiras. “Foi na crise que a gente cresceu como empresa”, sublinha.
Segundo a empresária, o Sebrae sempre as auxiliou. “Às vezes, temos alguma dúvida e não tomamos decisões antes de consultar o Sebrae. Ano passado, participei do Sebrae Delas e me ajudou muito. Foi um divisor de águas na minha vida. Aprendi a reformular as redes sociais e questões de liderança. Faço consultorias de marketing e gestão financeira regularmente.”
Empreendedorismo feminino e negro no Brasil
Segundo pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizada pelo Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP) em 2019, em parceria com o Sebrae, negros e pardos são maioria entre os empreendedores no Brasil. Eles representam em torno de 51% dos 52 milhões de empreendedores brasileiros. Já entre as empreendedoras, a participação de mulheres negras chega a 60%.
A pesquisa mostra ainda que, de cada 100 brasileiros negros adultos, 40 são empreendedores, mas, infelizmente, 45% deles iniciam seus negócios por necessidade, ou seja, por desemprego ou frustração com o mercado de trabalho.
Agência Sebrae