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Mercado de influenciadores digitais está aquecido

SEG. 03 AGO

Se as pessoas ainda não tinham se dado conta da quantidade de influenciadores digitais, com a pandemia esses profissionais ficaram em evidência. Com o isolamento social, os negócios na esfera digital estão ainda mais movimentados, pois as empresas enxergam nesses prestadores de serviços uma saída eficiente de expor a sua marca.

Um estudo realizado pelo Instituto QualiBest e pela Spark apontou que 76% dos internautas são impactados por influenciadores digitais ao comprar, principalmente, produtos de beleza (52%), livros, moda e acessórios - esses últimos itens empatados com 42%.

Quando um digital influencer percebe essa função como uma atividade empreendedora - não como hobby -, as parcerias vão muito além de troca de @ (arroba) - expressão utilizada para permuta.

Modelo de Negócios

O influencer é uma marca e, por trás de cada post, há atividades e funções como controle fiscal, planejamento financeiro, estratégia de marketing, divulgação de marca pessoal, e produção de conteúdo. Ou seja, um modelo de negócios.

Para o CEO do Hybank - fintech de apoio o microempreendedor -, Alberto Hamoui, o ideal é criar o hábito de fazer um controle financeiro do que o influenciador digital gasta e ganha (produto ou serviço, forma de pagamento, data de gastos e receitas, pagamentos à vista ou parcelado). “Isso ajuda a aumentar a lucratividade do negócio”, explica.

Para se ter uma ideia de como o influenciador digital gera receita, ele “vende” o post e o conteúdo produzido. “As pessoas acham que é simples, mas para fazer um vídeo, por exemplo, leva tempo, criatividade e tem gastos com a contratação de aplicativos para deixar mais bonito, organizado e atraente”, exemplifica a influenciadora, Nathaly Gomes Orletti (@nathaly_life, 103 mil seguidores), que tem o perfil lifestyle e trata temas de saúde e beleza.

Precificação

Uma dificuldade apontada por Nicole Sarfaty (@nicolesarfaty, com 45,1 mil seguidores), logo que ela se percebeu influenciadora, é a de precificar os publiposts. “Além disso, eu precisei tornar o meu perfil uma rede mais profissional e passei a tomar mais cuidado com discursos”, comenta.

Nicole, que também é estagiária de Marketing do Grupo HOPE, diz não se enxergar como empreendedora e não tem o hábito de fazer um planejamento financeiro.

Finanças Pessoais

Uma dica de Hamoui é ter contas-correntes distintas para as finanças pessoais e as da empresa. Isso minimiza as chances dos fluxos de dinheiro se misturarem. Para os influenciadores que cresceram muito, se tornaram produtores de conteúdos e já contam com uma equipe, o modelo de negócios está claro. O desafio, portanto, é maior para aquele que ainda atua como um microempreendedor.

Para Nathaly, essa organização começou a existir quando as empresas contratantes passaram a exigir emissão de notas fiscais de prestação de serviços, o que fez com que esses profissionais formalizassem os seus negócios. “No entanto, ainda não consigo ter um planejamento financeiro, pois tem meses que surgem muitos trabalhos e outros que não surgem ou faço mais permutas. É um mercado instável”, explica a influenciadora, que tem ainda a profissão de farmacêutica esteta, o que ela acredita gerar mais credibilidade e conteúdo de valor aos seus seguidores.

Organização financeira

Já Maína Belli (@mainabelli, com 40 mil seguidores), diz fazer “tudo certinho” e que buscou ajuda do pai contador. “Ele me norteou para essa separação de renda Pessoa Física e renda Pessoa Jurídica”, conta.

“Independente se você é um influenciador iniciante ou um profissional com mais estrutura, é importante estabelecer um salário mensal. Ter claramente definido qual é o montante de retirada do mês, após os pagamentos de todas as despesas, ajuda a criar um limite mínimo de gastos durante aquele mês com menos projetos ou quando aparecer apenas trocas de @. Isso viabiliza a saúde financeira para sua empresa. Para nós, do Hybank, o influenciador digital é um empreendedor e estamos dispostos a contribuir para que eles se enxerguem como tal e impulsione seus negócios ”, diz o CEO da fintech.

Digital Influencer como empreendedor

Maína é jornalista de moda, resolveu criar um blog como portfólio, com textos, ideias e críticas de moda e desfiles que pudessem representar seu trabalho. Com a migração para o Instagram e outras redes, sentiu necessidade de mostrar quem era a pessoa por trás do blog - e aí os jobs como influenciadora começaram aos poucos a aparecer. Para largar a profissão e o emprego, precisou criar uma reserva de emergência que pudesse sustentá-la por alguns meses.

Para uma melhor organização financeira, ela e o namorado desenvolveram planners digitais. Através deles, a influenciadora contabiliza os seus ganhos e gastos fixos e variáveis do mês e cria metas mensais e anuais também.

Mas nem sempre foi assim, Maína conta que no começo era difícil se enxergar como empreendedora. “A aproximação com outras meninas influenciadoras abriu muito minha mente pra isso e hoje tenho orgulho de dizer que sou dona do meu próprio negócio”.

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