Justiça invalida venda de campos terrestres da Petrobras no RN

SEX. 07 DEZ

A euforia dos representantes de entidades empresariais do Rio Grande do Norte durou pouco. Depois de comemorar a assinatura do contrato de cessão de 34 campos terrestres da Petrobras no Estado para a empresa 3R Petroleum, na semana passada, os empresários foram surpreendidos com a suspensão do negócio, nesta sexta-feira (7).

Atendendo a uma solicitação do Sindicato dos Petroleiros do RN (Sindipetro/RN), o juiz Carlito Antônio Cruz, da 2ª Vara do Trabalho de Natal, concedeu liminar invalidando o negócio. Motivo: ausência de um representante dos trabalhadores na reunião do conselho de administração da petroleira, que aprovou a venda no valor de US$ 453,1 milhões.

Pela decisão, também fica determinado que a Petrobras não pode assinar o contrato de cessão dos 34 campos de exploração, localizados na região Oeste Potiguar, pelo prazo mínimo de 90 dias. A Petrobras tem 15 dias para apresentar uma defesa.  

Sindipetro/RN
Segundo o advogado Felipe Vasconcellos, integrante da Advocacia Garcez, que assessora o Sindipetro-RN, “a decisão judicial da 2º Vara do Trabalho de Natal-RN devolve aos trabalhadores a importância de sua participação nos espaços de deliberação e de tomadas de decisões da empresa. Por isso, foi reconhecida a nulidade da decisão da Petrobras que entregaria 34 campos de petróleo sem que pudesse ter havido participação e diálogo com o representante legal da categoria no CA da empresa, o que é assegurado por lei”. 

Para o coordenador Geral do SINDIPETRO-RN, Ivis Corsino, trata-se de “importante vitória na defesa dos interesses dos trabalhadores da Petrobrás e da soberania nacional, fruto da mobilização da categoria”. 

Oportunidade
Na época do anúncio do negócio, Amaro Sales, presidente da Federação das Indústrias do RN (Fiern) chegou a afirmar que "é uma oportunidade para as pequenas e médias empresas que já atuam no setor, assumir a exploração desses poços maduros da Bacia Potiguar, ou seja, reativar a atividade e reestruturar o setor". 

O negócio também foi festejado pelo presidente da RedePetro/RN, Gutemberg Dias. "A partir de agora, com um novo operador, há possibilidades de melhorias no campo de produção. Esperamos que a empresa faça os investimentos necessários e aumente a produção, assim como os royalties, trazendo renda para a população". 

Insegurança
Senador pelo Rio Grande do Norte a partir de 2019, assumindo a cadeira de Fátima Bezerra (PT/RN), eleita governadora do Estado, Jean-Paul Prates já havia criticado a Petrobras. Segundo ele, a atuação de uma empresa sem experiência na área, poderia gerar insegurança. "Deixa insegurança. A ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) deve analisar detalhadamente esta cessão, sob pena de prevaricação", chegou a alertar, Prates, através do twitter.

Saiba mais: Senador questiona 'entrega' dos Poços de Petróleo no RN

De acordo com nota publicada pela Petrobras, "a 3R Petroleum conta, em seus quadros, com executivos com extensa experiência em operação de campos maduros e aumento de produção e reservas em países como Venezuela, Argentina, Brasil, Peru, Equador e Bolívia. Conta também, em sua estruturação financeira, com a parceria de grandes empresas globais, como uma companhia de tradingde classe mundial, uma empresa internacional de serviços petrolíferos e uma operadora independente".

As 34 concessões englobam campos do Polo Riacho da Forquilha, em produção há mais de 40 anos, gerando 6 mil barris de petróleo por dia. De acordo com projeções da Petrobras, o primeiro ano de operação, através da 3R Petrolium, renderia cerca de R$ 150 milhões ao Estado.
 

 

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