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IPCA: Inflação de março deve ser de 0,95%, de acordo com especialista

 

O IPCA de março, que o IBGE divulgará nesta sexta-feira (9), deve ficar em torno de 0,95%, como mostra análise feita pela professora da Fipecafi, Luciana Machado. Para a especialista, é provável que o índice apresente o maior resultado para o mês de março dos últimos anos, assim como aconteceu em janeiro e fevereiro.

Os setores mais afetados devem ser o de Transportes, que foi impactado pelo aumento dos preços de combustíveis, e o de Habitação, por conta do aumento do preço do gás de botijão e encanado. “A alta no preço dos combustíveis tem sido acentuada e já foi destaque na aceleração da inflação dos primeiros meses do ano. O preço dos combustíveis continua elevado e espera-se que a gasolina seja o item de maior pressão na inflação do mês. O setor de transportes deve também se destacar e mostrar aceleração em relação ao mês de fevereiro, pois é impactado diretamente pela alta no preço de combustíveis”, explicou.

A pandemia continua em um estágio crítico e em meio ao cenário de incertezas, os reflexos da inflação impactam principalmente a classe trabalhadora. “Com o estágio crítico da pandemia continuamos enfrentando um cenário de incerteza econômica e política. O dólar está em alta, refletindo essa conjuntura e exercendo pressão sobre os preços de alimentos e combustíveis. A inflação alta reduz o poder de compra dos brasileiros e afeta fortemente a classe de trabalhadores que sofre com a paralisação e medidas de isolamento social”, ressaltou.

A professora da Fipecafi também fala sobre a expectativa para o índice neste ano. “O mercado tem sugerido expectativa de alta para o IPCA 2021. O Relatório Focus divulgado pelo Banco Central no dia 05/04 apresentou mediana prevista de 4,81%, contra 3,98% da previsão do mês anterior. É ainda difícil enxergar até onde irão os efeitos da pandemia. Os choques inflacionários levaram o Banco Central a subir as taxas de juros, mesmo em meio à crise”, destacou.

Retomada do crescimento

Em relação a retomada do crescimento do setor produtivo, a especialista apresenta uma perspectiva sobre a situação. “Quando analisamos o cenário possível para 2021 do lado da oferta, a retomada de crescimento do setor produtivo é dependente da retomada econômica, vacinação e manutenção do incentivo de programas do governo. O setor produtivo – que já passa por um momento difícil – tem tendência de responder reduzindo investimentos, tanto porque o custo de produção aumenta, quanto pela preocupação de retração de demanda em um cenário inflacionário”, disse.

É preciso observar também as questões da demanda do mercado, como explica a professora da Fipecafi. “A inflação eleva a incerteza de mercado, que gera redução geral de investimentos. Entretanto, do lado da demanda, pode-se considerar possível retração de consumo, pois diversas famílias que perderam parte de sua renda, podem demorar a recuperá-la, e com o cenário inflacionário que enfrentamos, o Auxílio Emergencial ajuda, porém menos. Para os próximos meses, há ainda de se considerar o reajuste de preços de medicamentos, autorizado em até 10,08% pelo Governo, e que começou a vigorar em 1º de abril; e o aumento do preço do gás natural após o reajuste trimestral que ocorrerá em maio – e poderá ser de até 39%”, ressaltou.

Auxílio Emergencial

Nesta semana foram retomados os pagamentos do Auxílio Emergencial com parcelas que variam de R$150 a R$350. “Apesar da medida auxiliar um número representativo de pessoas, há preocupação acerca do poder de compra de quem o receberá, já que a inflação de preços reflete num custo de cesta básica maior. Além disso, aumentando a demanda e o dinheiro em circulação, o preço tende a também aumentar. Como as famílias que dependiam do auxílio emergencial deixaram de recebê-lo, a demanda se retraiu, contendo um pouco a elevação de preços”, finalizou.

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