Investimento em tecnologia é a saída contra a seca

SEG. 04 JUN

A luta contra a seca já faz parte do passado. Cerca de 95% do semiárido não possui acesso à água e precisa "conviver com esse fenômeno, constatado desde os períodos mais remotos da história do Brasil". A tecnologia é a saída.

Esse é o diagnóstico de Celso Moretti, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, que ministrou uma palestra na manhã desta segunda-feira (4), no auditório da Casa da Indústria, durante o seminário Motores do Desenvolvimento do RN, promovido pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte - FIERN em parceria com a FECOMÉRCIO, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) e RG Salamanca Investimentos. 

Celso Moretti disse ainda que a seca no semiárido é um fenômeno que afeta a sobrevivência de mais e 2 bilhões de pessoas, não sendo possível ignorá-la durante os períodos chuvosos. “Apenas 5% do semiárido atende aos requisitos mínimos para a irrigação. Mas onde há tecnologia presente, é possível produzir com excelente qualidade, inclusive para atender ao mercado externo”, disse o diretor da Embrapa.

Linhas de Crédito BNB
Esta edição do seminário também teve a palestra do empresário Luiz Roberto Barcelos, do superintendente do Banco do Nordeste, que apresentou as linhas de crédito do banco voltadas para a região. Ele disse que o BNB é muito mais que uma instituição financeira. “Nós somos um agente de desenvolvimento. Nós fomentamos o desenvolvimento da região Nordeste e outras regiões. Nós batemos um recorde em investimentos ao longo de 2017. E nosso objetivo é ampliar esse financiamento até o fim deste ano”, ressaltou. 

Para este ano, a instituição apoiará mais projetos de desenvolvimento de energias renováveis – parques eólicos e de painéis solares. “Diversificar a matriz energética é uma realidade, é uma necessidade”, disse.

O “Motores do Desenvolvimento”, nesta segunda-feira, também teve a participação dos senadores Garibaldi Filho (MDB) e Fátima Bezerra (PT), do deputado federal Rogério Marinho (PSDB), do procurador-geral de Justiça, Eudo Leite, dos presidentes e demais diretores de entidades empresariais, dos sindicatos filiados à FIERN, pró-reitores, professores e estudantes da UFRN.

Agrícola Famosa
O empresario Luiz Roberto Barcelos destacou em sua palestra que a Agrícola Famosa – maior produtora de frutas do país – é uma demonstração de que o semiárido não deve ser visto como sinônimo de pobreza. Para ele, o problema não está nas dificuldades climáticas, mas na ausência de vontade política para assegurar condições favoráveis ao desenvolvimento e ao setor produtivo.

Barcelos disse que o investimento em transposição de bacias com ampla oferta de água é uma das alternativas para melhorar as condições para produção na região. Outra é o uso das águas acumuladas no subsolo. Ele afirmou que a transposição não só do Rio São Francisco, mas também a partir de Tocantins, pode melhorar a oferta de água no Semiárido do Nordeste. A tecnologia necessária para este tipo de projeto está disponível, acrescentou, há um século.

O empresário narrou que fez o caminho inverso das pessoas que saíram do Nordeste em busca de oportunidade, uma vez que veio de Ribeirão Preto, município de São Paulo, para o Rio Grande do Norte.

Hoje, a Famosa gera 9 mil empregos. “Tudo que construí foi graças ao Semiárido”, disse, Barcelos. Para ele, isto demonstra que, a exemplo de países como Israel, o desafio não é o clima. Para o empresário, no semiárido brasileiro, os entraves aos setores produtivos são mais graves do que as características geográficas e e climáticas.

A Famosa, informou, conseguiu crescer no semiárido, ao apostar na produção de frutas. A empresa fatura R$ 630 milhões no ano e parte significativa deste valor é destinada ao pagamento de salários e encargos sociais.

Trata-se de uma das maiores empresas agrícolas brasileiras e a maior exportadora de frutas do país. Ocupa uma área de 30 mil hectares, dos quais 11 mil com o cultivo de melões e melancias, e 2 mil com o bananas, papaia, maracujá, aspargos e a criação de gado e peixes.

Para o empresário, é preciso compreender as potencialidades da região para ter um crescimento de forma sustentável. “No semiárido norte-riograndense, evapora-se quatro vezes mais água do que chove. Isso só pode ser resolvido de duas formas: trazendo água de outro lugar ou explorando sustentavelmente a água do subsolo. E a região é rica em água em seu subsolo”, disse

*Com informações da agência de notícias da FIERN
 

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