Se o aumento intenso das atividades turísticas traz consigo incremento econômico, acarreta também consequências danosas ao meio ambiente, sobretudo com a geração de mais resíduos, quando não há uma consciência ecológica. O município de São Miguel do Gostoso (distante 110 quilômetros de Natal) vive esse dilema. Com o boom de visitantes nas paradisíacas praias da cidade na última década, o acúmulo de lixo virou um problema a ser enfrentado.

Mas, um grupo de moradores decidiu se organizar para colaborar nesse processo e, desde 2019, vem implementando ações para conscientizar a população acerca da importância da sustentabilidade para o desenvolvimento do município e manutenção da vocação turística. Agora, o grupo está se unindo em uma associação para ganhar maior representatividade e propor iniciativas nessa área de forma integrada com o poder público, iniciativa privada e sociedade civil organizada.

Com 13 membros fundadores, a Associação Planeta Gostoso será oficialmente constituída na quinta-feira (23), com a realização da assembleia de fundação, no Centro de Cultura da cidade, a partir das 19h. O grupo contou com o apoio do Sebrae no Rio Grande do Norte, que disponibilizou consultorias para elaboração do estatuto e do planejamento estratégico da instituição, bem como orientação dos integrantes quanto à definição de estratégias para sustentabilidade financeira da entidade e políticas de atuação.

“O Sebrae iniciou esse suporte ao grupo para viabilizar a formalização da associação. Oferecemos consultorias jurídica e em outras áreas para que essa união passasse a ter validade legal e o trabalho já realizado tenha uma maior abrangência e efetividade de forma sustentável para o grupo”, destaca Max Souza, analista técnico do Sebrae-RN.

Inicialmente, o grupo era formado apenas por mulheres, que tinham uma preocupação em comum: o futuro sustentável da cidade. Algumas delas já realizavam, desde 2016, diversas ações para coleta de resíduos sólidos na cidade. A partir de 2019, o trabalho de intensificou e esses moradores passaram a organizar mutirões mais regulares, e participar de ações como a Semana do Lixo Zero e do Dia D Mundial de Limpeza, que ocorre a cada ano.

O trabalho tem envolvido outra frente, a conscientização, e leva educação ambiental para crianças e jovens das escolas do município e uma articulação junto aos donos de pousadas da região.

Protagonismo feminino

Uma das participantes desse movimento é a pedagoga Rai Veiga, que junto com os demais, tem atuado para o grupo se fortalecer. O grupo teve a iniciativa de confeccionar ecobags para serem adquiridas para uso em contraposição às sacolas plásticas durante as compras. Além de levar anos e anos para se decompor, o plástico é hoje um dos maiores desafios para a sobrevivência de algumas espécies da fauna marinha do planeta.

“Acreditamos que o futuro precisa ser cuidado agora. Pensar no planeta é cuidar de cada um de nós. Por isso, realizamos várias ações, como mutirões de limpeza das praias, produzimos e comercializamos duas edições de ecobags, com o objetivo de minimizar o uso da sacola de plástico. Além disso, temos organizado por dois anos seguidos a Semana Lixo Zero, que propõe vários eventos para trazer mais consciência sobre a questão ambiental”, relata a pedagoga Rai Veiga.

Sobre a constituição da Associação Planeta Gostoso, Rai Veiga acredita que essa formalização dará uma maior amplitude ao trabalho.

“A cidade de São Miguel cresceu muito e sentimos a necessidade de crescer junto com ela. Assim, estamos formalizando o nosso grupo e criando a Associação Planeta Gostoso para que nossas ações se expandam e gerem maiores resultados”, Rai Veiga.

A ideia é central da associação é implementar ações de sustentabilidade e cidadania, por meio da educação ambiental, visando à proteção do meio ambiente, tudo alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, em especial os objetivos voltados ao consumo sustentável e as cidades sustentáveis.

A prioridade da associação em curto prazo será com a questão da gestão de resíduos sólidos na cidade. “Com a constituição da associação, vamos buscar a integração entre os setores público, privado e a sociedade civil, essencial para viabilizar as medidas necessárias para a melhoria do bem estar e a qualidade de vida de todos”.