O mercado de gestão de resíduos sólidos urbanos (RSU) é uma área com grande potencial para o desenvolvimento dos micro e pequenos negócios no Brasil. Desde que foi sancionada pelo governo federal, em 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), lei nº 12.305/10, estabeleceu as principais formas de como a iniciativa pública e privada devem tratar o resíduo, incluindo incentivo à reciclagem e o reaproveitamento de diversos materiais. A crise econômica em decorrência do coronavírus trouxe diversos desafios para esse segmento. Ainda assim, o número de empresas que atuam nesse setor manteve-se praticamente estável.
Em um universo com 17,2 milhões de micro e pequenos negócios, a quantidade de registros nesse segmento reduziu de 13.356 para 13.174, totalizando 182 empresas a menos entre fevereiro de 2020 a fevereiro de 2021. Número relativamente pequeno, levando em consideração a situação pandêmica e a dimensão do país. Apesar desses números, há também empresas que fazem reciclagem dos resíduos gerados pelos seus próprios processos produtivos e, também, os catadores informais.
Para o mercado que tem os resíduos sólidos como matéria-prima, as oportunidades não param de crescer. A quantidade de RSU gerados nacionalmente, entre os anos de 2010 e 2019, aumentou consideravelmente, saindo de 67 milhões para 79 milhões de toneladas por ano. Paralelamente, a coleta desses materiais também aumentou de 59 milhões para 72,7 milhões de toneladas, no mesmo período. Os dados são do último relatório feito pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), disponível aqui. O estudo também mostra que a destinação adequada para esses resíduos vem aumentando, saindo de 56,8% em 2010, para 59,5% em 2019. Os valores de recursos aplicados na limpeza urbana pelos municípios também cresceram nesse período, saindo de R$ 17,6 bilhões para R$ 25 bilhões.
O analista de inovação do Sebrae, Alexandre Ambrosini, afirma que a preocupação com a sustentabilidade é um dos fatores que explicam o aumento nos números relacionados à gestão de resíduos sólidos. “A questão da sustentabilidade é muito estratégica para o pequeno negócio, não só durante a crise, mas depois dela. Para qualquer empresa, mesmo que sua atividade fim seja a reciclagem, é importante pensar em uma gestão dos resíduos. Isso impacta diretamente na produtividade e na redução de custos, sendo uma das soluções para reduzir os impactos da crise. A sustentabilidade também deve ser uma preocupação básica em qualquer negócio, porque além de ser importante para o meio ambiente e produtividade empresarial, ser sustentável é um fator decisivo de compras para alguns clientes”, diz.
Alexandre Ambrosini salienta que o mercado de gestão de resíduos dever ser mais explorado pelos micro e pequenos negócios no Brasil. “O lixo, como chamamos popularmente, ainda é tido como um tabu. Muitos empreendedores acham que resíduos sólidos não são uma fonte de negócios. Isso se dá por vários motivos, dentre os quais a ausência de conhecimento técnico para desenhar ideias de negócios que tratam desses materiais. Quando falamos em lixo, é comum as pessoas pensarem em restos de comida, latas, embalagens... O Brasil também gera bastante resíduos de materiais de construção, resíduos de serviços de saúde e pneus, por exemplo. O empresário pode contar com o Sebrae para ampliar seu conhecimento e investir nisso”, analisa.
Ciente da necessidade de fomentar esse setor, o Sebrae dispõe conhecimentos e soluções voltados para essa temática, como o que está disponível no Centro Sebrae de Sustentabilidade. Esse centro de referência funciona como um grande catalisador de negócios sustentáveis, através do compartilhamento de conteúdos relevantes. A página com acesso gratuito traz cases inovadores, textos, vídeos, infográficos e guias para quem investe e se preocupa com o meio ambiente. “O Sebraetec é uma solução ofertada pelo Sebrae que tem apresentado resultados positivos para a gestão de resíduos sólidos. O programa tem como objetivo garantir ao seu público-alvo o acesso a serviços tecnológicos para inovação, promovendo a melhoria de processos, produtos e serviços ou a introdução de inovações nas empresas”, indica Alexandre Ambrosini.
Agência Sebrae