"Gaste bem, invista melhor e ganhe mais"

SEG. 17 JUN

De uma frustração na Bolsa de Valores à liberdade financeira. Autor do best-seller 'Do mil ao milhão, sem cortar o cafezinho', Thiago Nigro, mais conhecido como o ‘Primo Rico’, será um dos palestrantes do evento Revolução Empreendedora, que será realizado em Natal (Teatro Riachuelo) e Fortaleza (Shopping Rio Mar), nas noites dos dias 4 e 5, respectivamente. Influenciador digital, ele utiliza seu conhecimento no mercado financeiro para ensinar os “primos” e “primas” a investir o dinheiro mais e melhor, além de sugerir os melhores caminhos para alcançar a tão sonhada liberdade financeira. Ele diz que não há segredo, apenas muito esforço e disciplina. O segredo é: gastar bem, investir melhor e ganhar mais. “Parecem simples e óbvio, mas existe genialidade na simplicidade. Saber, muitos sabem. Agora, fazer, poucos”, diz Thiago Nigo. “Na verdade, não existe segredo para ficar rico, mas eu te digo qual não é o segredo pra deixar de ser pobre: ganhar mais dinheiro. O segredo não é o quanto você ganha, é o quanto você gasta”, completa. Nesta entrevista exclusiva para a revista NEGÓCIOS.net, ele fala como conseguiu alcançar a independência financeira, dá dicas, fala do ‘Primo Rico’, do seu novo livro e qual a mensagem que pretende deixar na palestra para potiguares e cearenses:   


Como chegar ao milhão sem cortar o cafezinho?
Acredito que qualquer pessoa tenha a capacidade de chegar ao seu primeiro milhão. Existe um processo natural de comprometimento para atingir qualquer objetivo, e não é diferente nesse caso. As pessoas sonham em chegar nessa meta, e eu poderia dizer com certeza que pelo menos 99% dos brasileiros gostariam de ter esse tanto de dinheiro – assim como gostariam de ter um corpo melhor. O problema é que poucos se comprometem, e poucos destinam seu tempo para estudar sobre o tema. Os 3 pilares que qualquer pessoa precisa dominar – ou talvez nem isso – para chegar ao seu objetivo são: Gastar bem, Investir Melhor e Ganhar Mais. Parecem simples e óbvio, mas existe genialidade na simplicidade. Saber, muitos sabem. Agora, fazer, poucos.

Como você alcançou a independência financeira?
Comecei minha vida coberto de dívidas – familiares. Porém, meus pais me presentearam com R$ 5.000,00 quando fiz 18 anos. Eu achei que ser rico seria fácil, e decidi investir tudo na bolsa de valores. Afinal de contas, é assim que as pessoas enriquecem nos filmes, né? Eu só esqueci de contar com a minha completa ignorância no mundo das aplicações: perdi os R$ 5.000,00 em apenas 1 semana. Eu tinha dois caminhos a seguir: acreditar que bolsa de valores não era pra mim – e falar mal para os quatro cantos do mundo – ou estudar e dar a volta por cima. Foi o que eu fiz. Tirei certificações profissionais no mercado e montei meu próprio escritório de investimentos. Passei 7 anos assessorando mais de 5 mil investidores a aplicarem seus próprios recursos (aliás, viver 5 mil histórias paralelamente, com objetivos e necessidades distintas me fez evoluir drasticamente). Quando tinha quase 2 bilhões de reais em patrimônio declarado pelos clientes, vendi meu negócio e consegui a minha liberdade financeira. 

Em recente entrevista ao Infomoney, você sugeriu que o brasileiro vai continuar pobre em 2019. Como assim?
Sim. Não existe segredo pra ficar rico, mas eu te digo qual não é o segredo pra deixar de ser pobre: ganhar mais dinheiro. O segredo não é o quanto você ganha, é o quanto você gasta. E adivinha? O brasileiro gastou, gasta e vai continuar gastando mais do que deveria, pois sente a necessidade de antecipar todos os seus sonhos. Comprar seu próprio apartamento quando você puder? Não! Eles parcelam em 30 anos – e pagam altas taxas de juros. Carro? Agora! Parcelam em 48 ou 60 meses e pagam o preço de 3 carros no final das contas. Celular? 24 meses! E assim as coisas vão seguindo. Depois colocam a culpa em ganhar pouco. O que eu posso dizer pra quem pensa assim, é que eu já tive essa cabeça. Ainda bem que mudei.

Por que o brasileiro não tem a cultura de investir no mercado financeiro, como o americano, por exemplo?
Temos uma visão potencialmente errada sobre os americanos. Acreditamos que eles são exímios investidores. Isso acontece pois lá a cultura é de nascer e investir em ações – afinal de contas, as taxas de juros são muito próximas de zero. Já no Brasil, temos a cultura de 'investir' (entre aspas!) na poupança. Isso acontece por três motivos: antigamente, não podíamos pensar no longo prazo. A inflação era alta demais! Por isso, aplicar nossos recursos não eram um problema. Gastar bem – e rápido – sim. Hoje, podemos nos planejar melhor. O outro motivo é a cultura enraizada em nossos pais, avós, bisavós. E pra quebrar esse ciclo, leva-se um tempo. O último motivo é que a poupança é péssima para os clientes, mas é ótima para os bancos. Existem campanhas gigantescas e bilionárias defendendo essa aplicação.

A educação financeira passou a fazer parte da rotina de muitos brasileiro, depois do incentivo de influenciadores digitais, como o 'Primo Rico'. É uma tendência? O brasileiro pode alcançar o nível do investidor americano?
Sim, é um tendência. Antigamente, as grandes empresas dominavam a informação. Hoje, o cliente decide de onde ele quer consumir conteúdo. Vivemos um mundo abundante em informação – e vence quem consegue captar melhor a atenção do usuário e agregar mais valor.

Como começar a investir no mercado financeiro?
Vou te dizer como NÃO investir: não comece querendo saber o que rende mais. Monte sua carteira de investimentos por etapas: 1) Monte o que chamo de fundo de emergência: tenha no mínimo 6 meses do seu custo mensal em uma aplicação que você possa resgatar a qualquer momento. Esse dinheiro não vai te enriquecer, mas vai garantir que você não vai empobrecer quando tiver imprevistos. Aqui, você vai procurar por aplicações conservadoras e muito líquidas, como o tesouro Selic, fundos de renda fixa ou CDBs com liquidez diária; 2) Agora, busque dinheiro para seus objetivos e depois foque na liberdade financeira. Aqui, você quer investimentos com um maior potencial de retorno, como ações, fundos imobiliários e afins. Vale dizer que isso depende muito do seu perfil de investimentos e você precisa saber o que está fazendo. Vale um bônus: todas as vezes que eu errei em minhas decisões financeiras, foi porque eu feri esse princípio que criei há 1 ano: “Ganância, Medo e Impaciência geram prejuízos”. Por isso, sempre que tomar uma decisão, questione se a ganância (ou o medo) é demais.

Ainda vale à pena investir na poupança?
Não. 

Qual a saída para o assalariado, que usa o que ganha apenas para pagar contas?
As saídas possíveis são, na ordem de prioridade: 1º Gastar menos do que você ganha hoje; 2º Vender o que você não precisa mais; 3º Fazer renda extra e bicos nos tempos livres (finais de semana e feriados); 4º Mudar de emprego; 5º Investir em educação, para ficar mais valorizado no mercado e cobrar mais em outro emprego; 6º Mudar para uma empresa meritocrática que te pague pelo resultado e não por hora; 7º Montar seu próprio negócio. Mas nunca deixe de investir!

Como mudar o mindset para se tornar um investidor e alcançar a liberdade financeira?
Não trabalhe pelo dinheiro. Faça o dinheiro trabalhar para você. Se você ficar devendo R$ 2.600,00 no cheque especial, a uma taxa de 12,53%, em 5 anos você estará devendo mais de R$ 3 milhões de reais. Por isso, faça o contrário. Faça o dinheiro trabalhar para você enquanto dorme. Melhor, né?

Dá para ficar, realmente, rico, acordando todo dia às 4h30?
Dá e não dá. Não é acordar 4h30 que te enriquece. É o que você faz durante esse período. Eu leio, medito, faço exercício, tomo café sem pressa e preparo meu dia. Isso enriquece. No meu caso, acordar 4h30 me dá uma sensação de vitorioso. Estou trabalhando enquanto os outros ainda nem pensaram em acordar. Pela noite, durmo mais cedo que a maioria, enquanto geralmente muitos estão assistindo TV ou jogando tempo fora. 

Como surgiu o 'Primo Rico'?
Vendi meu negócio e atingi minha liberdade financeira. Investi quase R$ 1 milhão para produzir um estudo sobre riqueza chamado “O Código da Riqueza”. O caminho mais natural era focar na produção de conteúdo pela internet, onde o conteúdo era mais escalável. O nome veio de uma reflexão em que ficamos sem nomes (risos). Mas como sabemos, todo mundo tem um “Primo Rico” na família.

Além de investidor e influenciador digital financeiro, você vive apenas do Blog e canal do Youtube 'Primo Rico'?
Tenho múltiplas fontes de renda. Produzo livros, faço publicidade, tenho o rendimento de minhas aplicações, vendo cursos e tenho participação minoritária em negócios.

O segredo não é o quanto você ganha, mas o quanto você gasta. É o que você costuma dizer. Dá para explicar melhor essa afirmação?
Tive uma infância em alguns momentos muito difícil – e não é porque ganhávamos pouco dinheiro. Gastávamos muito, isso sim. Parece fácil pra quem vê de fora, mas é só refletir: jogadores de futebol (com contratos milionários) quebram. Vencedores de reality shows e mega-sena também. As pessoas costumam se acostumar muito fácil com algo bom – aumento de renda – mas dificilmente conseguem se acostumar com a diminuição dela. Por isso, recomendo que você não aumente seus gastos proporcionalmente. O Segredo não é o quanto você ganha, é o quanto você gasta – pelo menos para não ser pobre.

Qual a sua opinião sobre as fintechs? É o futuro dos bancos?
Eles vieram para melhorar as áreas de ineficiência dos bancos, mas existe muito capital em jogo. É só incomodar demais que os bancos compram – na maioria das vezes. Aliás, as Fintechs deixam o mercado mais competitivo. Isso é ótimo!

Explica como surgiu a ideia de produzir o livro 'Do mil ao milhão, sem cortar o cafezinho'?
As pessoas pregam que “se você cortar seu café”, no final da vida terá quase 1 milhão. A mesma coisa para pizzas e outras coisas. Conheci muitas pessoas bem sucedidas e que enriqueceram – eu incluso – e te garanto que ninguém enriqueceu fazendo isso (talvez com raras exceções). O que te enriquece é ganhar dinheiro, o investir bem e não gastar demais.

Conta um pouco a história de como você chegou a perder tudo na Bolsa de Valores?
Eu abri meu homebroker (plataforma usada para negociar ações) e achei que era um investidor profissional (tipo, dos filmes!). Comprei uma ação (de Petrobras) e ela subiu 2%. Eu olhei para opções de Petrobras, e elas tinham subido 200% no mesmo dia. Pensei: e se isso acontecer de novo? Posso transformar meus R$ 5 mil em R$ 15 mil? Comecei a “brincar” com opções, e a ganância foi a principal culpada. Quebrei.

Quais ações você indicaria para o investidor brasileiro que já aplica parte dos seus recursos em Bolsa de Valores?
Recomendo que você estude para tomar suas próprias decisões. Dificilmente alguém que não toma suas próprias decisões enriquece no longo prazo em bolsa de valores. Não existe dica quente. Não busque conselhos, busque conhecimento!

Qual o seu propósito de vida, hoje, depois de ter virado milionário e ter conquistado a liberdade financeira?
Quero que todos os primos e primas tenham liberdade financeira. A mesma que eu tenho – a ponto de poder falar com bilionários e palestrar de calça moletom. Para fazer isso, eu empodero os primos financeiramente através dos conteúdos que produzo.

Qual a mensagem que você pretende passar neste evento 'Revolução Empreendedora', em Natal e Fortaleza?
Não foque no problema, foque na solução. Além disso, trabalhe pelo lucro, e não pelo salário. No período, faça o dinheiro trabalhar para você, e não o contrário.

 

Dicas de THIAGO NIGRO

1º Gaste menos do que você ganha hoje; 
2º Venda o que você não precisa mais; 
3º Faça renda extra e bicos nos tempos livres (finais de semana e feriados); 
4º Mude de emprego; 
5º Investa em educação para ficar mais valorizado no mercado; 
6º Mude para uma empresa meritocrática que te pague pelo resultado e não por hora;
7º Monte seu próprio negócio; 
8º Nunca deixe de investir!

 

  Revista Negócios
 Veja Também