As franquias cresceram 8,4% no segundo trimestre deste ano. É o que aponta a Pesquisa Trimestral de Desempenho do Franchising divulgada pela Associação Brasileira de Franchising. O avanço foi em comparação ao mesmo período do ano passado. A receita do segmento aumentou 7,4% no acumulado dos últimos 12 meses. Os dois principais motivos para o crescimento, segundo a ABF, foram o início da recuperação da economia brasileira e o investimento em inovação para criar negócios mais eficientes.
Franquias de entretenimento estão entre as mais promissoras do momento, com crescimento de 20% no último ano, graças ao impulso nas vendas de jogos eletrônicos. O ramo de construção também apresentou números positivos, puxados por serviços de reforma em imóveis comerciais e residenciais. O faturamento passou de R$ 37,565 bilhões para R$ 40,734 bilhões.
De acordo com o levantamento, o desempenho do setor de franquias no 1º semestre deste ano comparado ao mesmo período de 2017 resultou numa alta de 6,8%. O faturamento subiu de R$ 74,455 bilhões para R$ 79,496 bilhões. Quando comparados o segundo trimestre com o primeiro trimestre de 2018, o crescimento foi de 5,1%. Já em relação ao valor acumulado dos últimos 12 meses, o aumento da receita foi de 7,4%. Esse índice elevou o faturamento de R$ 156,812 bilhões para R$ 168,360 bilhões.
Para Altino Cristofoletti Junior, presidente da ABF, “esse resultado expressivo no trimestre, ainda diante de um cenário de incertezas na economia e na política, se deve à manutenção das vendas, mas, especialmente, a uma retomada do ritmo de expansão e ao empenho das redes em diversificar formatos e produtos”.
De acordo com Vanessa Bretas, gerente de inteligência de mercado da ABF, outros fatores que contribuíram para o bom desempenho do franchising no segundo trimestre foram pontuais. “O Dia dos Namorados e o Dia das Mães foram bons para as redes de franquiase nos dias de jogos da Copa do Mundo, ramos como os de padarias e bares tiveram um aumento de demanda, ao contrário de outros, como o de vestuário, que observaram queda, mas, no geral, o desempenho do setor foi positivo no trimestre pesquisado”, avalia.
Confiança
Cristofoletti lembrou que o setor, assim como o mercado de forma geral, sentiu os efeitos da greve dos caminhoneiros (ocorrida em maio). “As redes ligadas ao varejo mais tradicional, que dependem da distribuição de produtos, por exemplo, sentiram um pouco mais o impacto da greve, mas a própria dinâmica do setor, que em momentos como esse, por atuar em rede, consegue manter o provimento de produtos ou matérias-primas para as suas operações, fez com que esse impacto fosse menos intenso”, observa.
Ainda segundo o executivo, mesmo com a paralisação e a queda dos índices de confiança empresarial e do consumidor em junho, os níveis ficaram ainda acima dos registrados no 2º trimestre do ano passado e o setor de franquias foi favorecido pelo aumento da oferta de crédito para as empresas nos meses de abril a junho deste ano.
O índice de abertura de lojas no segundo trimestre foi de 3,1%, contra o fechamento de 1,3% das unidades, o que resultou num saldo de 1,8% no período. Este resultado foi melhor quando comparado ao primeiro trimestre deste ano, em que o índice de abertura havia sido 2,2% e fechamento 1,2%, com um saldo de 1%. “Começamos a notar uma disposição maior na expansão por parte das redes, especialmente em novos entrantes no mercado e de modelos mais enxutos. Esse movimento se refletiu fortemente inclusive na ABF Franchising Expo deste ano”, comenta a gerente de inteligência de mercado da entidade.
Empregos
A indústria do franchising obteve uma pequena elevação do nível de empregos no 1º semestre de 2018. A pesquisa da ABF apontou que houve uma alta de 2% no número de postos de trabalho no período, que passou de 1,200 milhão para 1,224 milhão de pessoas diretamente empregadas no setor. Segundo Cristofoletti, a entrada em vigor das novas normas trabalhistas, após a reforma, favoreceu essa elevação. “A reforma trabalhista possibilitou às redes de franquias ampliarem as contratações de forma mais flexibilizada”, observa o presidente da ABF.
Num contexto geral, dados do IBGE indicam que a taxa de desemprego no Brasil recuou para 12,4% no segundo trimestre. Já o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do Ministério do Trabalho, apontou que, após a reforma trabalhista, os setores de comércio e serviços criaram 75% das vagas de trabalho intermitente e parcial.
Segmentos
Todos os 11 segmentos listados pela ABF tiveram desempenho positivo no segundo trimestre frente aos mesmos meses do ano passado. A pesquisa indicou que o segmento com maior crescimento no período foi Entretenimento e Lazer, com alta de 16,1%. A diversificação de serviços, o lançamento de novos formatos de negócios, a maior procura por games e jogos de realidade virtual foram os principais fatores que contribuíram com esse avanço.
Hotelaria e Turismo foi o segundo de maior crescimento, com 14,6%, impulsionado pelo aumento da demanda por viagens corporativas e de cruzeiros. Além disso, redes do segmento lançaram mão de parcelamentos e promoções para manter suas vendas. A elevação do dólar impactou as redes, porém ela foi parcialmente compensada pela venda de pacotes e destinos nacionais.
O terceiro melhor desempenho foi registrado em Casa e Construção, com 11,3%. O segmento cresceu no período, alavancado principalmente pelo varejo da construção, com a opção dos consumidores pelas reformas, manutenções e/ou adaptações dos imóveis.
Comunicação, Informática e Eletrônicos ficou em 4º lugar (9,8%), graças aos investimentos das redes em canais de venda on-line. O segmento se beneficiou também da crescente demanda por itens como computadores específicos para jogos. Segundo estudo da GfK, essa demanda é estimulada por inovações no campo da inteligência artificial e da realidade virtual.
Alimentação (9,7%) se destacou em 5º lugar, aquecido com a retomada da expansão das redes e com o crescimento de nichos específicos, como os de alimentação saudável. O segmento foi um dos beneficiados com a Copa do Mundo, que atraiu mais consumidores aos estabelecimentos nos dias de jogos.
Ao observarmos o desempenho dos segmentos no 1º semestre de 2018, Hotelaria e Turismo lidera, com 14,7%, invertendo a posição com Entretenimento e Lazer, em segundo lugar (11,5%). Serviços e Outros Negócios destacou-se em terceiro lugar (8,8%). No período, Alimentação foi o quarto segmento que mais cresceu (8,1%), seguido de Casa e Construção (7%).
Interiorização
A Pesquisa Trimestral de Desempenho do Franchising reforçou a tendência do movimento de interiorização das franquias pelo Brasil.
De acordo com o estudo, a Região Sudeste perdeu participação no total de unidades em operação e faturamento. Já as regiões Centro-Oeste e Norte passaram a ser mais representativas no que diz respeito às unidades em operação nas regiões e no faturamento.
“O movimento de interiorização das franquias brasileiras é uma realidade. Hoje vemos marcas conhecidas em pequenas cidades, distantes dos grandes centros urbanos. Essa capacidade do franchising chegar a todos os lugares deste imenso Brasil, levando marcas, produtos e serviços para todos os públicos revela a força do setor e a certeza de que as franquias continuarão expandindo em todo o território nacional”, conclui o presidente da ABF.
Metodologia
A Pesquisa Trimestral de Desempenho do Franchising referente aos meses de abril a junho, que encerra o balanço do 1º semestre de 2018, envolveu uma base amostral com redes respondentes que representam cerca de 38% das unidades e 48% do faturamento total do setor. Abrangendo o mercado como um todo, inclusive não associados, os números do desempenho do setor de franchising são apurados em pesquisa por amostragem, cruzados com levantamentos feitos por entidades representantes de setores correlatos ao sistema de franquias, órgãos de governo, instituições parceiras e de ensino. Auditados por empresa independente, os dados divulgados pela ABF são referência para órgãos governamentais de diversas esferas, entidades internacionais do franchising, como World Franchise Council (WFC), Federação Ibero-americana de Franquias (FIAF) e instituições financeiras.
Fonte: ABF