Na hora de escolher como e onde investir, o tradicional gerente de banco e a internet figuram como as fontes de informação mais confiáveis para a maioria dos investidores brasileiros. Uma pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) realizada em parceria com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) mostra que 53% dos brasileiros que procuram informações para investir têm o hábito de buscar orientações com o gerente do banco em que são correntistas e 47% consultam a internet.
O aconselhamento com o gerente é mais comum para as pessoas acima de 55 anos (74%), enquanto a internet ganha força entre os investidores mais jovens (63%). As demais fontes de informação que se destacam na hora de orientar investidores são amigos e parentes (38%), consultores especializados (28%), departamento de orientação dos bancos (27%) e programas de TV (13%).
Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o investidor deve diversificar as fontes de informações e não depender exclusivamente do gerente do banco para assumir escolhas financeiras. “Investir envolve planejamento e conhecimento para discernir e fazer boas escolhas. Deixar para que outras pessoas decidam por você é uma atitude ruim porque não incentiva o aprendizado. Além disso, o investidor pode ficar limitado aos produtos ofertados pela instituição em que ele tem conta. O ideal é buscar o maior número de referências e refletir sobre elas, dentro das suas possibilidades e objetivos financeiros”, orienta a economista.
A pesquisa aponta que não são todos os investidores que tomam decisões com base em pesquisa ou orientações. Apenas 30% sempre buscam informações sobre investimentos, enquanto 44% só o fazem ocasionalmente e 26% dispensam a orientação.
Considerando os que não buscam orientação, 70% acabam escolhendo as modalidades de investimento mais conhecidas, 19% tomam decisões sozinhos e 10% delegam a função para terceiros. Além disso, alguns cuidados passam despercebidos: 11% dos entrevistados não procuram manter-se informados sobre os rendimentos do dinheiro que têm investido e 16% não dão atenção aos custos de transação dos investimentos, calculando seu impacto na rentabilidade.
Baixo risco
Com grande capacidade de ditar tendências, gerar comentários e engajar internautas, os influenciadores digitais e youtubers também estão presentes no mundo dos investimentos. De acordo com a pesquisa, entre os investidores que consultam a internet, 44% usam os influenciadores como fonte de informações para decisões de como e onde investir. Outras referências comuns na internet são sites especializados em educação financeira (51%), sites de bancos (50%) e sites de consultorias de investimentos (30%) ou de corretoras (29%). As newsletters digitais de corretoras (18%) ou de consultorias (17%) completam o ranking.
Na hora de escolher o tipo de investimento, 55% dos brasileiros que investem priorizam aplicações consideradas fáceis de resgatar. Outras características valorizadas pelos entrevistados são baixo risco (52%), facilidade de compreensão (51%) e não exigir tanta burocracia na hora de aplicar (50%). Outras necessidades são poder iniciar o investimento com um aporte inicial baixo (38%), previsibilidade de retorno (38%) e custos ou taxas (37%).
A pesquisa ainda mostra que, dentre os brasileiros que possuem reserva financeira, 81% aplicam o dinheiro em alguma modalidade de investimento, com predomínio das aplicações tradicionais e conservadoras como a caderneta de poupança (69%), principalmente. Outras modalidades que completam o ranking são previdência privada (12%), fundos de investimentos (12%), tesouro direto (9%), CDBs (9%) e ações em bolsa (5%). No geral, 60% dos investidores investem sempre no mesmo tipo de aplicação e 24% costumam copiar investimentos que as outras pessoas fazem, sem verificar se é o mais indicador para sua situação. As aplicações mais rejeitadas e que os entrevistados jamais investiriam são criptomoedas (33%) e debêntures (28%).
Na avaliação do Superintendente de Proteção e Orientação aos Investidores da CVM, José Alexandre Vasco, a escolha da melhor modalidade deve resultar de uma análise cuidadosa e informada do investidor. “Novos ativos e promessas de alta rentabilidade atraem a atenção do investidor, mas é importante que seja analisado se o produto é adequado aos objetivos do cliente, se sua situação financeira é compatível com o investimento e, principalmente, se ele tem o conhecimento necessário para compreender os riscos envolvidos”.
Novos investidores
Investir é uma experiência ainda nova para parte considerável dos entrevistados. Em cada dez investidores, três (31%) entraram para o mundo dos investidores há menos de um ano. Os que investem há mais de três anos somam 40% da amostra, ao passo que 23% estão entre um e três anos nessa rotina.
Em média, cada investidor faz nove aportes em suas aplicações por ano, sendo que 54% são disciplinados e destinam recursos todos os meses. Além disso, para garantir a formação da reserva financeira, 43% fazem investimentos de forma programada e 24% usam plataformas de gestão automatizada, que usam algoritmos para selecionar aplicações mais rentáveis.
“Investir é como construir um edifício tijolo por tijolo, o que exige foco e disciplina para esperar o montante crescer. Mesmo que sejam quantias pequenas, o efeito virá do acúmulo e da concentração de recursos, à medida que o tempo passa. Pode parecer difícil no começo, mas há mecanismos capazes de auxiliar nesse processo, como os aportes realizados de forma programada e automática. A vantagem é que o investidor sabe que não haverá falhas ou esquecimentos”, orienta a economista Marcela Kawauti.
Fonte: Fecomércio/RN e CNDL