Extinção da Emprotur é discutida entre os empresários

SEX. 26 JAN

O que para o Governo “é apenas uma reestruturação na organização da administração indireta”, para os empresários do ramo do turismo, principal atividade econômica do Rio Grande do Norte, a extinção da Empresa Potiguar de Promoção Turística – Emprotur, criada pela Lei Complementar Estadual nº 339, de 24 de janeiro de 2007, é um rompimento brusco no trabalho de promoção turística que vinha sendo realizado no Estado.

A Assembleia Legislativa ainda não decidiu sobre a Lei Complementar que trata da extinção da Emprotur, proposta pelo Governo no pacote RN Urgente. O assunto entrou na pauta da classe empresarial do setor turístico potiguar esta semana e já se nota nos bastidores um movimento pela permanência da empresa de promoção turística no organograma do Estado.

Presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens do RN, Abdon Gosson considera a extinção da Emprotur prejudicial para o turismo do RN, em todos os aspectos. “Há uma programação de eventos, feiras nacionais e internacionais, road-shows, agendada pelos profissionais da Emprotur ao longo desse e dos próximos anos”, revela Gosson. “Quem irá dar continuidade a esse trabalho de extrema importância para o turismo (caso a Emprotur seja extinta)?”, questiona.

Para José Odécio Júnior, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do RN _ ABIH/RN, a “Emprotur é vítima da visão de que o Estado precisa de muitos cargos para ser eficiente”. Segundo Odécio, não há a necessidade de extinção da Emprotur, mas de enxugamento, para dinamizar a promoção turística do RN fora do Estado.

O empresário, inclusive, tem uma solução para o problema. “Acho que ela (Emprotur) pode se tornar uma espécie de agência, sem as amarras de uma empresa estatal, que se submete a lei de licitações, tornando-se, por isso, muito burocrática para a realização dos fins a que se propõe”. Além de um modelo enxuto e eficiente, Odécio sugere ainda que algumas funções “sejam exercidas por pessoas notadamente reconhecidas no mercado pela sua experiência, vedando, assim, a indicação política, para que a agência tenha quadros técnicos eficientes”.

O presidente da ABIH/RN afirma que o modelo atual é ineficiente. “Da forma como ela (Emprotur) está hoje, assim como muitos Órgãos do Estado, não tem muita eficiência, salvo, por um trabalho pessoal de alguns dos seus quadros, que fazem com que ela ande de fato. Mas, historicamente, ela não tem desempenhado o seu papel porque não tem sido prioridade de alguns governos. Então, aquilo que foi a finalidade da Emprotur acaba sendo desviada, como em outros Órgãos. Portanto, eu não concordo com a extinção da Emprotur. Mas, pode ser otimizada, como vem sendo discutido nacionalmente em relação a Embratur”.  

Para ambos, a extinção da Emprotur não vai resolver os problemas financeiros do Estado. “Embora concorde que o Estado precisa ser mais enxuto e eficiente, a simples extinção da Emprotur não resolve o problema”, reafirma Odécio. Gosson corrobora com a opinião do colega e vai mais além: “sabemos das dificuldades do governo e a extrema necessidade de reduzir gastos, principalmente no que se refere a pessoal. Mas, a extinção da Emprotur não reduz apenas gastos com pessoal. Lá, existem profissionais que se dedicam e trabalham como se estivessem em uma empresa privada. Esses profissionais precisam ser absorvidos (pelo Estado) para não prejudicar ainda mais as ações de promoção turística do nosso estado, que são essenciais para a manutenção e desenvolvimento do turismo”, alerta Abdon Gosson.

Ums dos criadores da Emprotur, Armando José tem opinião diferente. Segundo ele, a empresa de promoção do turismo potiguar foi perdendo a finalidade com o passar do tempo, "transformando-se num cabide de empregos". Segundo Armando, "a extinção da Emprotur não traria prejuízo à população, a empresa não conta mais com orçamento e equipe especializada". Na opinião de Armando, as poucas atividades que a Emprotur ainda desenvolve podem ser absorvidas pela Secretaria de Turismo, que mantém uma equipe de marketing. "Pode parecer um contrassenso, eu que não só presidi, mas fui o criador da Emprotur, apoiar a sua extinção. Mas, é como falei, ela perdeu o sentido, quando não exerce a função para a qual foi criada".

 

 

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