A inserção de pequenos produtores no mercado fornecedor ainda se configura como um desafio no âmbito da fruticultura do Rio Grande do Norte. Mas, ano a ano, essa barreira é quebrada com iniciativas como a Rodada de Negócios, realizada pelo Sebrae no Rio Grande do Norte.
Ao aproximar empresas de pequeno porte das grandes empresas, as chamadas empresas âncoras, o evento favorece a efetivação de negociações que representam o fortalecimento da cadeia e da economia regional.
Mais um exemplo do impacto positivo da Rodada de Negócios aconteceu durante a 21ª Feira Internacional da Fruticultura Tropical Irrigada – Expofruit/2018, realizada essa semana em Mossoró.
O casal Hugo Defana e Socorro Defana produzem doces cristalizados em uma propriedade rural no município de Vera Cruz. Atualmente, a produção é comercializada em pequenos negócios estabelecidos em Natal. Aproveitaram a Rodada de Negócios para fazer contatos com redes de supermercados e saíram otimistas dos encontros previamente agendados com as empresas âncoras.
“É a primeira vez que participamos e estamos muito satisfeitos com o resultado. Apesar de termos feitos os primeiros contatos, acreditamos que fecharemos negócios com pelo menos uma rede de supermercados e uma distribuidora de alimentos”, comemora Socorro Defana. Ao todo mais de 70 agendamentos de negócios foram realizados, envolvendo produtores que representam as mais diversas atividades relacionadas à fruticultura. Da produção ao beneficiamento de frutas, sejam de atuação individual ou em cooperativas de agricultores familiares.
“Isso mostra o nosso interesse pelo tema. Realizamos uma programação que envolve todos os atores da cadeia produtiva da fruticultura. Desde a agricultura familiar às grandes redes compradoras. A Rodada de Negócios é uma prova deste importante apoio que damos, porque entendemos a importância da fruticultura para a economia do Estado”, destaca o diretor Superintendente do Sebrae-RN, José Ferreira de Melo Neto.
A participação nas Rodadas de Negócios significa encaminhamento para bons contatos com grandes possibilidades de fechamento de contratos de fornecimento. É o que garante o representante comercial de uma empresa que produz água de coco em Maxaranguape, Pedro Souza.
Para ele, o evento, além de aumentar a rede de contatos, representa oportunidades claras de novas comercializações para a empresa. “Sempre participamos das Rodadas de Negócios promovidas pelo Sebrae, porque são a certeza de bons negócios. Tivemos reuniões com empresas do Ceará e até representante de uma empresa que exporta para o Chile. As expectativas são as melhores”, conclui o representante comercial.
Uva
O Rio Grande do Norte, que possui atualmente cerca de 10 hectares destinados ao plantio de uva, deverá aumentar a área de cultivo da fruta nos próximos anos. A expectativa positiva tem como base os resultados exitosos obtidos em experiências já desenvolvidas por produtores apoiados pelo Sebrae no Rio Grande do Norte em municípios das regiões Oeste e Mato Grande potiguar.
Para tanto, além de áreas destinadas para o plantio em Apodi, Parazinho e Martins, novos projetos para cultivo estão em andamento nos municípios de Barcelona, São Tomé e Serra de Santana, na região do Trairi, além de Macaíba, na região Metropolitana de Natal.
A alta demanda de mercado e o valor agregado são alguns dos diferenciais que fazem da uva uma das alternativas quando o assunto é variar a fruticultura potiguar. Variedades como a Vitória precoce que, apesar de produtividade menor frente à Itália, por exemplo, é comercializada pelo dobro do preço, é uma das apostas.
Caju
Evitar o desperdício e ao mesmo tempo aliar sustentabilidade ainda consiste em tarefa difícil na atividade da cajucultura, que registra o aproveitamento de apenas 15% do fruto do cajueiro. Mas para um grupo de pequenos produtores que participou da programação científica da 21ª edição da Expofruit essa situação pode mudar. Amparados em ideias inovadoras, apresentadas durante uma clínica tecnológica realizada pelo Sebrae no Rio Grande do Norte, no Escritório Regional do Oeste, na quarta-feira (22), os produtores já enxergam novas alternativas para o aproveitamento do caju.
O que antes era descartado ou servia apenas para alimentação animal, poderá ser transformado em receitas especiais de sopas, almôndegas, hambúrgueres, antepasto ou produtos mais tradicionais, como doce e mel. “Não estamos apresentando apenas uma forma de obter o melhor aproveitamento do caju. Com um manejo simples, estamos mostrando formas de uma alimentação mais saudável, sustentável e uma alternativa de negócio para os pequenos produtores que, além de ter uma renda extra, deixarão de desperdiçar”, ensina o analista técnico da Unidade de Gestão Financeira do Sebrae-RN Sandro Morais, que ministrou palestra.
China
A China pode ser apróxima rota do melão potiguar. As negociações já foram iniciadas e dependem somente de algumas pendências fitossanitárias. Luiz Roberto Barcelos, presidente do Comitê Executivo da Fruticultura de Exportação do RN (Coex), confirmou o diálogo com os chinenses, que, em contrapartida, pretendem exportar a pêra para o Rio Grande do Norte.
A conquista do mercado chinês é mais uma vitória do setor, que já exporta melão para países do Mercosul,com destaque para Chile, Argentina e Uruguai. O leste europeu,em especial o mercado russo, pode ser o próximo destino da fruta potiguar.
Expofruit
A Feira Internacional da Fruticultura Tropical Irrigada aconteceu de terça-feira (21) à quinta-feira (23), na Estação das Artes Elizeu Ventania, numa realização do Sebrae-RN e do Comitê Executivo de Fruticultura do Rio Grande do Norte. Produtores de todas as regiões potiguares e vários Estados brasileiros participam do evento, apontado como um dos maiores do setor no país. A feira contou com 300 estandes e presença de marcas de toda a cadeia produtiva do setor: de embalagem, irrigação e controle de pragas e doenças, passando por adubação do solo, fabricantes de polpas de suco, máquinas e equipamentos, consultoria, tecnologia, entre outras.
*Com informações da Agência Sebrae de Notícias