Entidades dizem que redução da Selic foi acertada

QUI. 19 SET

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (18) reduzir a taxa básica de juros - a Selic - de 6% para 5,5% ao ano. A decisão atendeu ao que era esperado no mercado financeiro. Com a redução, a Selic chegou ao seu menor patamar histórico.

Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Copom tomou uma decisão acertada ao reduzir a taxa de juros. Em nota, a entidade disse que foi uma decisão em um “movimento de continuidade à flexibilização monetária”.

O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, disse que a expectativa de inflação abaixo do centro da meta em 2019 e em 2020, o ritmo de atividade econômica moderado e a elevada taxa de desemprego corroboraram para a decisão da redução da Selic. “A redução também se fundamenta no avanço da agenda de políticas e medidas que asseguram a estabilidade macroeconômica, principalmente no campo fiscal, como a reforma da Previdência”, disse.

Para a CNI, “a magnitude do ciclo de novos cortes” da Selic em 2019 poderá considerar a evolução das tensões comerciais e geopolíticas no cenário mundial.

FecomercioSP
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) também avaliou como positivo o corte da taxa Selic. Em nota, a federação avaliou que o Copom “não entrou no clima de euforia no início de 2019, resistiu para não diminuir os juros à época, e também não se apavorou quando a inflação deu sinais de elevação diante de um cenário político mais conturbado no primeiro trimestre”. 

Para a entidade, o Copom mostrou independência quando devia e, por isso, a FecomercioSP também acredita que a formalização da independência do Banco Central por parte do governo seria muito bem vista pelo mercado financeiro.

“Para a FecomercioSP, a redução da Selic é indispensável para acelerar a retomada do emprego e baixar o custo da dívida, principalmente, para um país com elevado grau de endividamento como o Brasil”, diz a nota.

A entidade diz que tem a expectativa de que o ciclo de quedas na Selic continue no âmbito de um cenário nacional favorável, “visto que, mesmo com a recente volatilidade e desvalorização do real frente ao dólar, a inflação se manteve estável”.

Firjan
A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) declarou, em nota, que apoiou a redução de 0,5 ponto porcentual da taxa básica de juros da economia. De acordo com a entidade, “a lenta recuperação da economia e o cenário de inflação sob controle abrem espaço para reduções da taxa de juros nas próximas reuniões”.

Na nota, a Firjan “destaca a perspectiva de melhora do ambiente fiscal em função da aprovação da reforma da Previdência na Câmara Federal”.

 A entidade também destaca a importância da continuidade das reformas estruturais para o equilíbrio fiscal, especialmente a inclusão de estados e municípios na reforma previdenciária. “A materialização dessas medidas e a permanente atuação responsável e transparente do Banco Central são fundamentais para a ancoragem das expectativas de inflação e a retomada sustentável do crescimento”, disse a Firjan na nota.

Copom reduz Selic
A decisão do Copom de reduzir a taxa básica de juros - Selic - de 6% para 5,5% ao ano atendeu ao que era esperado no mercado financeiro. A última pesquisa do Banco Central mostrou que era expectativa do mercado que o Copom mantivesse o ciclo de redução na Selic e fizesse o corte.

Segundo o Copom, a decisão é compatível com a convergência da inflação para a meta. Este ano a meta de inflação é de 4,25%, sendo que a margem de tolerância é de 1,5 ponto porcentual (índice de 2,75% a 5,75%).

O comitê disse que, pelo cenário atual, a trajetória de juros deve encerrar 2019 em 5% ao ano e permanecer nesse patamar até o final de 2020.

Em comunicado, o Copom reiterou a necessidade de avanços nas reformas estruturais da economia brasileira para que os juros permaneçam em níveis baixos por longo tempo. “O Copom avalia que o processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira tem avançado, mas enfatiza que perseverar nesse processo é essencial para a queda da taxa de juros estrutural e para a recuperação sustentável da economia”, diz o comunicado.

Recuperação da economia
De acordo com boletim divulgado pelo Copom, o cenário econômico sugere uma retomada do processo de recuperação da economia brasileira, que deverá ocorrer em ritmo gradual e uma inflação na casa dos 3%. “As expectativas de inflação para 2019, 2020, 2021 e 2022 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 3,5%, 3,8%, 3,75% e 3,5%, respectivamente”, informou o Copom.

O Copom disse também que espera que o dólar termine o ano de 2019 valendo R$ 3,90 e que permaneça nesse patamar até o final de 2020.

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Ao reduzir os juros básicos, a tendência é diminuir os custos do crédito e incentivar a produção e o consumo. Para cortar a Selic, o Copom precisa estar seguro de que os preços estão sob controle e não correm risco de ficar acima da meta de inflação.

A Selic, que serve de referência para os demais juros da economia, é a taxa média cobrada em negociações com títulos emitidos pelo Tesouro Nacional, registradas diariamente no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic).

Presidente
Há pouco, o presidente Jair Bolsonaro comemorou a decisão do Copom em uma postagem no Twitter. O presidente escreveu: 'É a Economia dando certo".

Histórico
Com a decisão desta terça-feira, a Selic está no menor nível desde o início da série histórica do Banco Central, em 1986. De outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa foi mantida em 7,25% ao ano e passou a ser reajustada gradualmente até alcançar 14,25% ao ano em julho de 2015. Em outubro de 2016, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa chegasse a 6,5% ao ano em março de 2018. Em julho, o Comitê decidiu baixar a taxa para 6% ao ano, menor patamar até então.


Fonte: Agência Brasil
 

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