É preciso direcionar o crescimento de um país de forma correta, e não com atividades econômicas que concentram renda, atingem negativamente o meio ambiente ou que sejam nocivas para uma parte da população. A avaliação é de Leandro Valiati, professor na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e docente convidado da Queen Mary University of London, que abriu, o Seminário de Cadeia de Valor da Economia Criativa da Região Nordeste, promovido pelo Sebrae, na manhã da segunda-feira (7).
O professor comenta que é preciso direcionar os esforços para um crescimento consciente. Além disso, Valiati considera que é importante pensar nas diferentes temporalidades dos setores envolvidos na inovação, já que não são orquestrados.
"Todo o sistema de inovação depende da agilidade. Porém, o tempo do empreendedor é diferente do tempo do governo. Além disso, há também o tempo da tecnologia. O ecossistema tem de pensar nessas três temporalidades diferentes”, comenta.
Para ele, o nacionalismo é um problema para as indústrias criativas. “É regredir para um modelo do século 20”, critica. O maior desafio deste século, para o especialista, é entender não só como a pequena inovação é fundamental, como também que ela precisa, de certa maneira, ganhar escala para beneficiar mais setores da sociedade. “Isso gera mais renda, economia de escala e requer, na minha visão, um empurrãozinho do setor público e das organizações públicas e privadas que lidam com estímulo à inovação”, acrescentou Valiati.
Economia Criativa
Segundo Jane Blandina, analista de competitividade do Sebrae, o seminário, que foi realizado no Centro de Referência em Economia Criativa do Sebrae (em São Paulo), teve como objetivo promover a possibilidade dos empresários do segmento da economia criativa do Nordeste conhecerem as novas tendências no Brasil e no mundo.
“O seminário é importante para fazer com que esses empresários tivessem uma percepção de inovação e de novas tendências, além de conhecer, de fato, como é que o mercado está agindo em relação à economia criativa, não só em nível regional, mas nacional e internacional”, comentou Jane.
“Trazê-los para essa vivência e experiência faz com que eles possam replicar isso em seus estados. Ou seja, levar conhecimento para os colegas de segmentos. Hoje, temos empresários da música, do audiovisual, gamers, produtores culturais, DJs e artesão. São realidades diferentes, mas falamos uma única língua, que é a língua de fazer e gerar negócios inovadores”, acrescentou a analista do Sebrae.
O superintendente do Sebrae no Ceará, Joaquim Cartaxo, participou do evento e destacou a importância da economia criativa. Segundo Cartaxo, ela estabelece conexões entre cultura, criatividade, inovação, tecnologia e sustentabilidade com base na valorização da diversidade cultural. Além disso e contribui com a percepção da sustentabilidade como fator de desenvolvimento local e regional, na inovação como vetor de desenvolvimento da cultura e das expressões de vanguarda e na inclusão produtiva para economia cooperativa e solidária.
Além de Leandro Valiati, o Seminário também contou com a participação de Ralph Peticov, cineasta, especialista em gamificação e fundador do festival Hack Town. “As antigas formas de comunicação, de mão única, precisam abrir espaço para as novas tendências, onde o consumidor está em primeiro lugar”, comentou Ralph.
Para ele, é importante a quebra de paradigmas e fazer o que as pessoas dizem que não somos capazes. “Ser disruptivo, atualmente, é uma necessidade”, acrescentou. Segundo o especialista, há uma mudança de paradigma em curso, em que as pessoas se preocupam mais em ser do que em ter.
“Antes, o foco era ter uma hierarquia centralizada, enquanto atualmente a tendência é ter uma rede distribuída. Enquanto no passado a rotina e a razão eram as formas de trabalho, hoje as coisas são pautadas na criatividade e intuição, com foco nas ideias”, avalia Ralph.
Ainda no primeiro dia do seminário, houve uma mesa de discussão sobre o empreendedorismo feminino na economia criativa, moderada pela empreendedora Luciana Balbino. Luciana trabalha com turismo rural de base comunitária.
Fonte: Sebrae