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Empreendedores abrem mais negócios no segmento de vestuário

 

Mesmo em tempos de distanciamento social e restrições a ambientes fechados devido à pandemia, os potiguares não abriram mão da preocupação com a aparência. A demanda por produtos de vestuário, como roupas e acessórios, levou uma parcela significativa dos empreendedores do Rio Grande do Norte a abrir um negócio próprio para suprir o consumo desses itens. O comércio varejista de artigos do segmento de vestuário e acessórios vem batendo recorde de formalizações no estado e findou o primeiro semestre como a atividade que mais registrou a criação de empresas na primeira metade deste ano. Até o início deste mês, já são mais 13 mil negócios cadastrados como Microempreendedor Individual (MEI).

Isso foi o que revelou um levantamento feito pela Unidade de Gestão Estratégica (UGE) do Sebrae no Rio Grande do Norte para analisar o desempenho dos pequenos negócios na economia potiguar na primeira metade do ano com base em dados da Receita Federal e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), ligado ao Ministério da Economia. Os resultados mais relevantes estão reunidos em uma síntese, que pode ser conferida na íntegra. O documento está disponível para consulta ou download no Portal do Sebrae (www.rn.sebrae.com.br) na seção ‘Estudos e Publicações'.

O que as estatísticas apontam matematicamente, a empreendedora Aylla Regis Costa percebeu na prática. Ela já havia identificado a procura dos consumidores por esses itens na região onde atua, em bairros da Zona Norte de Natal, e decidiu profissionalizar a atividade com a formalização, em março deste ano, da loja N&A Multimarcas, uma grife de artigos de modas feminina e masculina

“Vendemos artigos para homens e mulheres. Gosto de trabalhar com a autoestima das pessoas, e por isso escolhi vender moda. Mesmo em meio a toda essa incerteza econômica do país, conseguimos nos reinventar e vender on-line e humanizar a marca”, garante a empreendedora. Segundo Aylla, o registro formal da N&A e obtenção de um CNPJ ajudaram o negócio, sobretudo no acesso ao crédito mesmo diante do excesso de burocracia dos agentes financeiros. “Decidi formalizar a loja para deixar minha marca mais profissional e legalizada”, justifica.

Para o gerente da Agência Sebrae - Grande Natal, Thales Medeiros, essa concentração de empreendedores no comércio varejista de roupas e acessórios se dá por motivos diversos, sobretudo, pela facilidade de entrada no mercado, alto giro de estoque, rápido posicionamento digital e bom markup (margem de lucro). "Contudo, é importante salientar que isso não isenta o empreendedor de refinar suas estratégias de operação para um crescimento saudável e mais rentável", alerta Thales Medeiros.

Entre os Microempreendedores Individuais (MEIs), o segundo ramo que mais abriu negócios foi o de publicidade, seguido das atividades de cabeleireiro e tratamentos de beleza. Já entre as demais categorias de Microempresa (ME) e Empresa de pequeno Porte (EPP), os estabelecimentos de saúde, como clínicas, consultórios odontológicos e laboratórios, ficaram no topo do ranking de formalização do semestre. "O aumento expressivo desse tipo de negócio no período de pandemia se deve, majoritariamente, ao aumento da contratação de profissionais liberais, por hospitais e clínicas, e que a formalização do serviço entre pessoas jurídicas torna o processo menos oneroso para ambas as partes a partir do Simples Nacional", presume Thales Medeiros, informando que as atividades de atenção à saúde e ambulatórios são executadas por profissionais da área de saúde, sendo regidas por Conselhos de Classe, e, portanto, não podem ser registradas como MEI.

Além de indicar o segmento recordista de formalizações, o estudo do Sebrae mostra que os MEIs foram o tipo de negócio que mais teve registros. Das 23,1 mil micro e pequenas empresas abertas no semestre, 18,7 mil foram na categoria de Microempreendedor Individual. As 4,3 mil restantes foram microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) – sendo as primeiras aquelas com faturamento bruto anual de até R$ 360 mil e as outras as que têm faturamento entre R$ 360 mil e R$ 4,8 milhões por ano.

O levantamento do Sebrae comprovou ainda que o crescimento do número de empresas de menor porte também elevou a oferta de novos postos de trabalho no Rio Grande do Norte. Essas organizações foram responsáveis por 62,2% das vagas de emprego formal geradas entre janeiro e junho deste ano. Isso representa um universo de 53,8 mil novos contratos com carteira assinada. Quantitativo bem superior ao que foi gerado pelas médias e grandes empresas, que, juntas, abriram 32,4 mil postos de trabalho no estado nesse mesmo período.

Em se tratando de vagas abertas por segmento econômico, o setor de serviço foi o que teve o maior número de novas vagas abertas. Foram geradas nesse setor 19,9 mil novas admissões entre as pequenas empresas e outras 18,4 mil pelas grandes e médias empresas neste mesmo segmento. O comércio também foi responsável por parte significativa das novas contratações. Nos pequenos negócios desse setor foram mais de 15,4 mil novos trabalhadores admitidos e nas médias e grandes empresas e outros 4,2 mil profissionais contratados em seis meses.

Registro de novos negócios no país

A abertura de empresas no Brasil no primeiro semestre de 2021 foi a maior se comparada com os mesmos períodos de 2015 para cá. Foram criadas, apenas nos seis primeiros meses desse ano, 2,1 milhões de pequenos negócios. O número é 35% superior ao registrado no mesmo período do ano passado e praticamente o dobro empresas criadas em 2015.

O primeiro semestre de 2021, além de apresentar recorde de abertura de empresas, também elevou algumas atividades, que tiveram crescimento acima dos 80%, se comparado com o mesmo período do ano passado. Dentro da proposta de levantar as atividades em que mais foram criadas empresas de acordo com o porte, o Sebrae detectou que há disparidades entre microempreendedores individuais e micro e pequenas empresas.

Entre os MEI, o comércio varejista de bebidas foi o que apresentou o maior incremento: um aumento de mais de 84% se comparado com o mesmo período de 2020. Enquanto no primeiro semestre do ano passado 20.778 MEIs brasileiros se formalizaram nesse segmento, nesse mesmo período desse ano, foram 38.289. Já entre as micro e pequenas empresas, a atividade com o maior número de inscrições de CNPJ foi a de corretagem na compra/venda e avaliação de imóveis, que passou de 2.613 negócios abertos, no primeiro semestre de 2020, para 5.378 no mesmo período desse ano; um aumento de quase 106%.

Em 2020, em razão da pandemia, a compra de bebidas por meio de canais digitais, como aplicativos e e-commerce, tornou-se um novo hábito para muitos consumidores, o que acabou estimulando uma entrada grande de microempreendedores individuais nesse ramo. Entre os MEI também cresceu em mais de 83% o número de formalizações na atividade de preparação de documentos e serviços especializados de apoio administrativo não especificados anteriormente, que pode ter sido estimulada pelo aumento de abertura de empresas no Brasil.

Ao analisar o ramo da construção civil, a 11ª pesquisa de Impacto da Pandemia do Coronavírus nas Micro e Pequenas Empresas, realizada pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, detectou que a queda de faturamento desse segmento foi de 33% em maio desse ano, enquanto a média ficou em torno de 43% de redução, que segundo o Sebrae pode ter sido impulsionado pelo confinamento e pela modalidade de trabalho home office.

Agência Sebrae

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