Apesar de o Brasil ser o terceiro maior produtor de frutas do mundo, essa produção ainda não chega de forma expressiva nos principais mercados internacionais. O país ocupa a 20ª posição no ranking das nações mais exportadoras, sendo superado atualmente pelos vizinhos Chile, cujas exportações de frutas frescas giram em torno de US$ 4,5 bilhões por ano, Equador e Peru, que há 15 anos exportavam cinco vezes menos que o Brasil e hoje fazem remessas cinco vezes maiores.
Uma das saídas para reverter esse cenário passa por diversificar os mercados externos, na avaliação da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas).
O assunto entrou na pauta de discussões da Feira Internacional da Fruticultura Tropical Irrigada - Expofruit 2020, que começou nesta terça-feira (8), em Mossoró. O evento, que tradicionalmente ocorria em agosto, foi postergado para dezembro em função da pandemia da Covid-19, e por isso, esta edição ocorre em formato digital com transmissões online através do site da Expofruit https://expofruit.com.br.
Durante a abertura, o diretor institucional da Abrafrutas, Luis Roberto Barcelos, reforçou a importância de o país diversificar as nações compradoras das frutas brasileiras, que estão 80% concentradas na Europa. “Como se trata de produto muito perecível, os produtores acabam tendo que vender a baixo custo quando não há demanda, pois não dá para estocar. Então, quanto mais mercado, maior a rentabilidade”, argumenta Barcelos.
A abertura de novos mercados, no entanto, está longe de ser um desafio fácil de ser superado, pois envolve aspectos técnicos [como os fitossanitários para não proliferação de pragas endêmicas], econômicos e também políticos. “É muito importante o Brasil se manter neutro em questões internacionais para não prejudicar as exportações nacionais”, enfatiza. Há décadas, o Brasil tenta fechar sem sucesso um acordo de livre comércio com a União Europeia.
Outro ponto para melhorar a rentabilidade seria a ampliação do mercado interno. Atualmente, o consumo per capita de frutas é de 56 quilos por ano. A média mundial está em patamares de 120 quilos por ano. Na Alemanha, a média sobe para 160 quilos. Incentivar o consumo brasileiro pode garantir um mercado promissor para os fruticultores, na visão da Abrafrutas.
Ao lado do presidente do Comitê de Fruticultura do RN (Coex), Fábio Queiroga, e da reitora da Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa), Ludmilla Carvalho, o diretor do Sebrae no Rio Grande do Norte, João Hélio Cavalcanti, também participou da abertura da Expofruit 2020 e reforçou o papel da fruticultura para a economia do estado e manutenção de postos de trabalho em um ano atípico.
Mercado para o melão
“Diante de sua importância, a fruticultura precisa estar focada na questão da sustentabilidade, manutenção da agricultura familiar e diversificação de culturas, como o que está ocorrendo na região Oeste, com o plantio de morangos e figos, e, nas serras, pinha. O Sebrae acredita no potencial de outras frutas para atender um mercado tão promissor”, afirma João Hélio.
Segundo João Hélio, a demanda por alimentos no mundo favorece a fruticultura nordestina e o Rio Grande do Norte tem um diferencial conquistado, que é o selo de Indicação Geográfica para o melão, e isso poderá ser usado para o estado assumir a liderança em outras culturas também.
Hoje, o melão do Rio Grande do Norte chega, além da Europa, a mercados, como Estados Unidos e Canadá, e está em negociação para atingir países asiáticos, como Filipinas e Vietnã. No caso da China, as primeiras exportações foram comprometidas em função da crise do novo coronavírus, mas o estado chegou a enviar remessas via transporte aéreo para o mercado chinês. As condições do Porto de Natal também foram alvo de críticas por parte dos produtores.
A Expofruit 2020 é uma realização do Coex, do Sebrae e Ufersa com o apoio de diversos parceiros. Para participar e conferir a programação completa do evento, basta acessar https://www.expofruit.com.br/.
Agência Sebrae