Comemorado anualmente no dia 8 de março, o Dia Internacional da Mulher criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975 é uma forma simbólica de celebrar as conquistas e lembrar a luta das mulheres por direitos e equidade de gênero, tornando a data um dos principais marcos na representação da resistência e empoderamento feminino.
No Paraná, a Laquila (www.laquila.com.br), empresa líder do mercado de motopeças da América Latina, é comandada por três mulheres. O cargo de diretora-executiva é ocupado por Rosy Souza, e as gerências de Suporte Comercial e de Desenvolvimento de Produto são, respectivamente, de responsabilidade das irmãs Iael Trosman e Érica Trosman, sócias proprietárias da empresa. Além disso, outros cargos de coordenação e gestão são ocupados por mulheres, entre eles as gerencias administrativa, financeira e comercial. O perfil feminino não está só nas áreas gerenciais e administrativas: 50% dos colaboradores são do sexo feminino e, na fábrica, a preferência é das mulheres.
“Há atividades que preferimos que sejam feitas por mulheres em razão de um toque de delicadeza. Na fábrica, quase 100% dos cargos é ocupado por mulheres. Elas têm mais atenção no detalhe, o que é da natureza feminina. No processo de checagem, também contamos com as mulheres por esse motivo”, diz Iael. Isso não quer dizer, porém, que a empresa contrate só mulheres. “Nosso foco está nas competências. Pensamos em equidade, em dar oportunidade para todos. Mas tivemos, sim, uma mudança nas gerências que hoje contam com mais mulheres do que antigamente”, ressalta Rosy.
Para chegar aos postos, as três mulheres tiveram que superar barreiras, especialmente durante o processo de importação de produtos oriundos de outros países, e o preconceito em eventos do segmento, como as tradicionais feiras. “Há 12 anos, quando eu comecei, sentia que havia preconceito. Na China, era comum falar e ser ignorada. Eu aprendi a me posicionar e, se for necessário, bater na mesa para ser ouvida”, conta Iael. “Nós fomos muito trabalhadas na área da mecânica, que é a mais complexa do nosso negócio. Entramos em locais e falamos a mesma língua dos outros”, ressalta.
As oportunidades não foram dadas apenas aos membros da família. Rosy está há 26 anos na companhia e foi galgando espaço. Inicialmente, na área de finanças, onde obteve a sua formação, para, na sequência, ganhar novas responsabilidades. “Eu aprendi muito aqui, foi a minha escola. Assumi a minha primeira gerência em 2007, na área de Comércio Exterior e Importação, e, em 2014, a diretoria de Operações”, conta. “Cada uma delas foi um desafio imenso. Entrava com a cara e a coragem e ia aprender sobre, sempre buscando entender mais sobre o segmento e com muito apoio da família”, acrescenta.
O caminho seguido pela empresa sob o comando feminino está rendendo bons frutos. De 2018 a 2019, a Laquila registrou crescimento de faturamento de 10,7%. Mesmo com os reflexos da pandemia, a empresa conseguiu repetir o mesmo crescimento em 2020. Em seu portfólio, a companhia conta com 25 marcas próprias e representa 16 empresas, entre companhias nacionais e internacionais, com 60 escritórios de representação espalhados pelas cinco regiões do país, além de equipe de vendas própria.
Produtos femininos
Não à toa, a Laquila desenvolve produtos voltados às mulheres. No portfólio da TEXX, marca de vestuário e acessórios da empresa paranaense, todos os produtos masculinos também estão disponíveis para o sexo feminino. “Inicialmente, a gente desenvolvia itens pensando no marido que gostaria de presentear a esposa. Agora, nós criamos e produzimos já pensando no público feminino. Isso faz com que haja um resultado melhor no caimento e no conforto da mulher”, explica Érica. Ela lembra também que já houve o movimento inverso: o desenvolvimento de acessórios femininos pensados para as mulheres e que atraíram os homens.
Mas se engana quem pensa que as mulheres focam apenas na parte dos acessórios e não compreendem os aspectos mecânicos das motos. “Acompanhamos grupos femininos de motociclistas. Elas entendem de tudo: trocam disco, fazem a manutenção da máquina como um todo”, diz Érica. Nesse aspecto, uma das diferenças entre homens e mulheres é a preocupação com a qualidade. “Se for necessário, ela atrasa a manutenção para ter a garantia de uma peça de qualidade”, comenta.
E esse amor pelo universo duas rodas é compartilhado pelas irmãs há muito tempo, facilitando o entendimento do mercado. “Nosso pai andava de moto e sempre nos inseriu neste mundo. Nós crescemos dentro de uma loja de motopeças. Desde sempre, convivemos com aquilo, com o universo da mecânica, das motos”, relembra Iael. “Lembro de estarmos na praia e brigarmos para ver quem andaria na garupa do pai. Tudo isso se transformou em uma grande paixão, que carregaremos para o resto de nossas vidas”, completa Érica.