Desafios dos governadores eleitos no Nordeste

TER. 01 JAN

As eleições 2018 foram uma das mais polêmicas e polarizadas da história do Brasil, desde a redemocratização, em 1985. Em nível nacional o capitão e deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) venceu no segundo turno no último dia 28 de outubro o candidato do PT, Fernando Hadaad, com 57.797.466 de votos (55,13%), enquanto o petista obteve 47.040.859 votos (44,87%). No Nordeste, sete dos nove governadores da região foram eleitos ou reeleitos já no primeiro turno, no dia 7 de outubro: Rui Costa (PT) reeleito na Bahia, Camilo Santana (PT) reeleito no Ceará, Flávio Dino (PC do B) reeleito no Maranhão, Renan Filho (MDB) reeleito em Alagoas, Wellington Dias (PT) reeleito no Piauí, João Azevêdo (PSB) eleito na Paraíba e Paulo Câmara (PSB) reeleito em Pernambuco.

No segundo turno foram apenas dois governadores eleitos: em Sergipe, Belivaldo Chagas (PSD) foi reeleito e venceu com 679.051 votos (64,72%), enquanto o candidato do PSB, Valadares Filho obteve 370.161 votos (35,28%), e no Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, do PT, foi eleita e ganhou com 1.022.910 votos (57,60%) - maior votação da história de um candidato a governador no RN - de Carlos Eduardo Alves, que obteve 753.035 votos (42,40%). Em relação a representação partidária, o PT conquistou quatro mandatos na Bahia, Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte, sendo os únicos petistas a alcançarem cargos a governador em todo o Brasil. Em segundo lugar, ficou o PSB com os estados da Paraíba e Pernambuco e em seguida com um eleito, os estados do Maranhão com o PC do B, o MDB em Alagoas e PSD em Sergipe.

Desafios
Os nove governadores eleitos do Nordeste enfrentarão muitos desafios para melhorar a qualidade de vida dos mais de 56 milhões de nordestinos. Vários são os setores que deverão ter atenção. Os problemas com a seca, com o desemprego atingindo 15,9% da população economicamente ativa (IBGE – maio/2018) e com três estados com as maiores taxas de desemprego do país: Bahia (17.9%), Pernambuco (17,7%) e Alagoas (17,7%), serão dois dos principais desafios dos novos gestores.

Dados do Banco Central (BC) informam que o Brasil cresceu 1% em 2017, enquanto o Nordeste alcançou a metade deste percentual, 0,5%. Segundo o chefe do Departamento Econômico (Depec), do Banco Central, Túlio Maciel, espera-se que a economia do Nordeste alcance taxas de crescimento mais sustentáveis neste final de 2018 e em 2019. “Na região Nordeste o setor agropecuário é a aposta para contribuir de forma positiva nesta retoma de crescimento local, até porque deverá ser a única região brasileira a manter o crescimento da safra este ano”, disse Maciel. A revista Negócios.Net fez uma compilação detalhada dos resultados das eleições no Nordeste em 2018, com os dados de cada um dos nove governadores eleitos e um resumo de suas principais propostas. Acompanhe a partir dos infográficos a seguir:

 

Governadores eleitos no Nordeste

 
RIO GRANDE DO NORTE
Fátima Bezerra – PT
Vice: Antenor Roberto - PC do B
1.022.910 votos – 57,60%

Fátima Bezerra é natural da cidade de Nova Palmeira/PB e tem 63 anos de idade. Tem formação em Pedagogia e atuação como professora. Foi eleita deputada estadual em dois mandatos, em 1994 e 1998. Elegeu-se três vezes deputada federal entre 2002, 2006 e 2010. Desde 2014 atua como senadora. Nesta eleição de 2018 obteve a maior votação de da história para o cargo de governador do RN, alcançando 1.022.910 votos, ou 57,60%. Assumirá no lugar do governador Robinson Faria (PSD), que foi candidato a reeleição e não se elegeu, ficando em terceiro lugar com 192.037votos (11,85%). Para seu lugar no Senado Federal, assumirá o primeiro suplente, o advogado e economista, Jean-Paul Prates.

Propostas
Entre as propostas apresentadas ao longo da campanha, Fátima promete vagas em creches. Na área de segurança pretende valorizar os policiais, realizar concursos e equipar os agentes de segurança do estado. A governadora eleita também prometeu fazer parcerias com a iniciativa privada e ampliar o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Industrial (Proadi) para as micro e pequena empresa para geração de emprego ainda criar um núcleo de prevenção à corrupção no âmbito da Controladoria Geral do Estado.


SERGIPE
Belivaldo Chagas – PSD
Vice: Eliane Aquino - PT
679.051 votos – 64,72%

Belivaldo Chagas, 58 anos, é natural da cidade de Simão Dias, no interior sergipano. É defensor público aposentado. Durante quatro mandatos atuou como deputado estadual (1990-2006). Elegeu-se vice-governador por dois mandatos: em 2006 na gestão de Marcelo Déda (PT) e em 2014, na chapa de Jackson Barreto (MDB). Assumiu o governo em abril deste ano quando Barreto renunciou para se candidatar ao Senado, ficando em quarto lugar e não se elegendo.

Propostas
Belivaldo Chagas pretende construir unidades habitacionais, fortalecer a rede regional de hospitais, aumentar as políticas de reinserção social dos presos e ainda criar um orçamento mais adequado para o pagamento da folha de servidores. Buscará também integrar um sistema de câmeras para dar apoio a fiscalização nas fronteiras sergipanas, com o objetivo de evitar a entrada de drogas e armas.


BAHIA
Rui Costa – PT
Vice: João Leão - PP
5.096.062 votos – 75,50

Rui Costa é economista, tem 55 anos e governa a Bahia desde 2015. Natural da capital Salvador, concluiu o curso de instrumentação da Escola Técnica Federal (hoje IFBA) e ao cursou Ciências Sociais, antes de migrar para Economia, na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Atuou ainda como presidente do Sindiquímica/BA e ajudou a fundar o PT na Bahia. Seu primeiro cargo político foi como vereador de Salvador em 2004. Em 2007 ocupou o cargo de secretário de Relações Institucionais no governo de Jaques Wagner. Em 2010 elegeu-se deputado federal. Em 2012 assumiu como Secretário-Chefe da Casa Civil da Bahia, no segundo mandato do governador Jaques Wagner.

Propostas
Equilíbrio fiscal e controle de gastos, apoio a grupos minoritários como negros, mulheres, jovens, LGBTs e sinalizações aos setores produtivos, principalmente turismo, indústria, comércio e serviços, estão entre suas principais propostas. 


CEARÁ
Camilo Santana – PT
Vice: Izolda Cela - PDT
3.457.556 votos – 79,96%

Camilo Santana, 50 anos, é natural da cidade do Crato, no Cariri cearense. Elegeu-se pela primeira vez governador do Ceará em 2014 no segundo turno, com 53,35% dos votos. Antes, em 2010, assumiu o cargo de deputado estadual do Ceará e ainda atuou como secretário do Desenvolvimento Agrário e secretário das Cidades durante a gestão do governador Cid Gomes.

Propostas
Um dos seus focos principais será na área da segurança, com a ampliação do programa Ronda de Ações Intensivas e Ostensivas (RAIO), que já existe em municípios cearenses com mais de 50 mil habitantes, para cidades com 30 mil moradores, além de monitorar a “mobilidade do crime”, com a implementação implantando um modelo de vídeo-monitoramento nas principais instituições do Estado.

 

MARANHÃO
Flávio Dino – PC do B
Vice: Carlos Brandão - PRB
1.867.396 votos – 59,29%

Flávio Dino, reeleito governador do Maranhão em 2018, nasceu na capital São Luís e tem 50 anos. É advogado, professor e ex-juiz federal. Já atuou como deputado federal e presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur). Elegeu-se pela primeira vez como governador em 2014.

Propostas
Entre suas propostas destaque para as áreas de infraestrutura, segurança, cultura e emprego, além do projeto para implantar um novo sistema estadual de marcação de consultas na saúde. Pretende ainda dobrar para 50 a quantidade de restaurantes populares. E ainda na área da saúde, quer entregar novos hospitais e criar policlínicas regionais para consultas e exames.

 

ALAGOAS
Renan Filho – MDB
Vice: Luciano Barbosa - MDB
1.001.053 votos – 77,30%

Renan Filho tem 39 nos. Foi eleito a primeira vez com 25 anos para o cargo de prefeito da cidade de Murici, onde nasceu em 2004, sendo reeleito em 2008. Em 2010 foi eleito deputado federal. Em 2014 foi eleito a primeira vez governador de Alagoas, sendo o mais jovem da história de Alagoas na ocasião. É filho do senador reeleito de Alagoas, Renan Calheiros.

Propostas
Para comandar os destinos dos alagoanos pela segunda vez a partir de 2019, o governador reeleito Renan Filho propõe na área da Segurança Pública ampliar o projeto "Ronda no Bairro", com um policiamento mais próximo da população. Outra meta é dar continuidade às obras de duplicação da rodovia AL-101 Norte, que já têm recursos para o trecho até a Barra de Santo Antônio. Realização de concurso para professores, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros e Polícia Civil, ampliar a instalação dos Centros Integrados de Segurança Pública (Cisps) no interior, além incentivar a economia do estado, com destaque para cadeia produtiva química do plástico, o turismo, o comércio e a agricultura, com foco na agricultura familiar, também estão entre suas propostas.

 

PIAUÍ
Wellington Dias – PT
Vice: Regina Sousa - PT
966.469 votos – 55,65%

Wellington Dias nasceu na cidade de Oeiras, no interior do Piauí e tem 56 anos. Na sua carreira profissional atuou como bancário. No período de 1993/1995 foi vereador na capital Teresina, deputado estadual (1995/1999), deputado federal (1999/2002) e senador pelo Piauí (2011/2015). A partir de 2019 vai para seu quarto mandato como governador do Piauí.

Propostas
Wellington Dias propõe atingir um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,7, considerado alto, em 2002, quando se encerrará sua gestão, além de ampliar a renda per capta e elevar o Produto Interno Bruto (PIB) do Piauí, objetivando geração de renda, com foco inclusivo e sustentável para gerar desenvolvimento econômico.


PARAÍBA
João Azevêdo – PSB
Vice: Lígia Feliciano - PDT
1.119.758 voos – 58,18%

João Azevêdo nasceu na capital paraibana, João Pessoa e tem 65 anos. Tem formação em Engenharia Civil pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Atuou em 1988 como secretário de Serviços Urbanos da Prefeitura de João Pessoa, depois secretário de Planejamento da Prefeitura da cidade de Bayeux em 2004 e em 2005 ocupou o cargo de chefe de Gabinete da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedurb). No mesmo ano foi assessor da Seplan e assumiu a Secretaria de Habitação, em dezembro, como secretário adjunto.

Propostas
Entre suas propostas consta a criação de escolas em tempo integral e ensino bilíngue, escolas técnicas e uma nova modalidade de Ensino de Jovens e Adultos (EJA), além da ampliação do número de leitos para internações de longa permanência e reforma dos hospitais da Rede Estadual de Saúde. No setor de infraestrutura pretende concluir a implantação da Adutora Transparaíba, realizar a contenção da erosão da Barreira de Cabo Branco e implantar um veículo leve sobre trilhos (VLT) em Campina Grande, além de criar Centros de Comando e Controle em João Pessoa, Campina Grande e Patos e implantar novos Institutos de Polícia Científica (IPC) e Núcleos de Medicina e Odontologia Legal (Numol) e ainda, fomentar a revitalização da cultura do algodão.

 

PERNAMBUCO
Paulo Câmara – PSB
Vice: Luciana Santos (PC do B)
1.918.219 votos – 50,70%

Paulo Câmara, 45 anos, é natural de Recife e é formado em Economia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e especialista em Contabilidade e Controladoria Governamental e mestre em Gestão Pública, também pela UFPE. É auditor concursado do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e desde 2007 atua no governo de Pernambuco. Foi secretário de Turismo na gestão do governador Eduardo Campos. Elegeu-se pela primeira vez governador de Pernambuco em 2014 com 68% dos votos.

Propostas
Um "pacto pelo emprego" e pelo crescimento econômico para recuperar e criar novas vagas de trabalho em Pernambuco, estão estre suas principais propostas. Pretende investir na contratação de novos profissionais de segurança e na melhoria da estrutura de inteligência nas forças policiais pernambucanas. Propôs também a criação de um 13º salário para famílias que recebem o Bolsa Família, além de construir moradias para diminuir o déficit habitacional e unidades de saúde em diferentes regiões do estado.

 

*Por Rosinaldo Oliveira

 

  Revista Negócios
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