A crise do coronavírus levou, em todo o mundo, a vários processos de isolamento, fechamento da economia e lockdown. Países como Itália e Espanha tiveram, em 2020, quedas próximas a 10% no seu PIB. Medidas compensatórias foram adotadas por todos os cantos do planeta. Da mesma forma, isso ocorreu no Brasil, porém, com uma queda menor do PIB (-4%). Isto é um sinal de que as medidas aqui adotadas no ano passado, como o auxílio emergencial, a renegociação da jornada e salários, a redução dos juros e ampliação das linhas de crédito tiveram seu êxito.
Com a recente reedição dessas medidas, no último mês de abril, e com a esperada ampliação do processo de vacinação, até o final de 2021, a expectativa é de uma retomada da atividade econômica, algo já captado na última edição do Índice de Confiança de Micro e Pequenas Empresas (IC-MPE), medido pela Sondagem Econômica da MPE, realizada pelo Sebrae em parceria com a FGV. Esse índice de confiança do segmento apresentou, em abril de 2021, uma recuperação de 6,6 pontos, indo para 88,1 pontos no mês.
Resultado, em especial, da melhora da confiança das MPE dos setores do comércio e de serviços, o que compensou um arrefecimento nas expectativas pelo 5o mês consecutivo da indústria, apesar desse setor ainda se encontrar em um patamar mais elevado dos que os do comércio e serviços. O índice de confiança das MPE da indústria, recuou 0,9 pontos, puxada por ligeira redução na variável “nível de estoques” e expectativa de contratação de mão-de-obra, lembrando que os pequenos negócios do setor industrial já haviam superado, no segundo semestre do ano passado, em desempenho, o período pré-crise.
A melhora da confiança das micro e pequenas empresas do comércio cresceu 11,6 pontos e foi puxada positivamente pelas projeções de vendas para os próximos três meses, incluindo o Dia das Mães, que deve ser melhor do que no ano passado, pois ano passado ocorreu no auge da crise de 2020. Já o Índice de Confiança das MPE do setor de serviços, que foram as mais prejudicadas durante toda a pandemia, após dois meses consecutivos de queda, cresceu 4,6 pontos, impulsionado pelo volume de demanda esperado para os próximos três meses.
Esses dados estão em linha com os divulgados recentemente na economia. Segundo o novo Caged, por exemplo, neste ano, voltaram as contratações com carteira assinada. E apesar da desaceleração nas novas contratações, em março, foi registrada, novamente, a criação líquida de mais 184 mil vagas com carteira assinada, das quais 58% foram originadas nos pequenos negócios. Foi o nono mês consecutivo que os pequenos negócios tiveram um incremento no número de contratações.
Assim, em que pese a situação ainda delicada pela qual passa o país, devido à crise sanitária provocada pela pandemia da Covid-19, as micro e pequenas empresas têm dado sinais de resiliência e confiança de que dias melhores virão. Ressalta-se que as medidas anticíclicas recentemente retomadas, como o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm), e o avanço da vacinação, poderão favorecer esse processo de retomada no curto prazo.
*Carlos Melles, Presidente do Sebrae