Velho que nada, apenas usado. Essa ideia moveu dezenas de empreendedores no Rio Grande do Norte a apostar no comércio de artigos usados em brechós, sebos, bazares e antiquários como forma de fazer negócio. De acordo com balanço feito pelo Sebrae, entre 2019 e o primeiro semestre deste ano, o estado registrou 121 empresas nesse nicho. Em todo o Brasil, a tendência tem ganhado força e as atividades de compra e venda de produtos usados apresentou um crescimento de novos negócios. Foram abertos nos primeiros seis meses do ano 2.308 novos pequenos empreendimentos nessa área.
No RN, a maioria dos negócios foi registrada na categoria de Microempreendedor Individual (MEI), o que demonstra o pequeno porte dessas empresas. A tendência ganhou força com a chegada da pandemia de covid-19 e, com o aperto da economia, a perspectiva é de que a compra e venda de mercadorias usadas deva continuar.
Aqueles que já atuam nesse ramos percebem o aquecimento. Há 10 anos no mercado com a loja Mistura Brechó, em Natal, o empresário Wendell Lopes, explica que o segmento já vinha numa crescente ao longo da última década e experimentou um grande boom durante a pandemia, em função das dificuldades financeiras enfrentadas pelas famílias que, segundo ele, perceberam que o que tinham em casa, dava para montar um negócio.
“Começaram a vender as coisas que tinham em casa, sem uso, garantindo uma rentabilidade para minimizar os impactos da crise”, constata ele, que empreendeu na área da moda por mais de 20 anos e decidiu apostar no nicho dos brechós, que com a onda de desapego, revelou-se bastante rentável. “Bom para quem vende e também para quem compra”, resume.
Especialista em Marketing, Wendell Lopes, admite que há uma década havia um certo preconceito das pessoas em adquirir uma peça de roupa, principalmente, usada e semi-nova. Contudo, essa rejeição foi dando lugar a um consumo mais consciente e sustentável, inclusive por questões financeiras. “Reconheço que o preço das peças encontradas nos brechós é o maior atrativo, mas a questão da sustentabilidade também conta na hora da decisão de compra”, observa Wendell.
O espaço comercializa peças do vestuário feminino e masculino, acessórios de moda, e agora está ampliando a loja para oferecer moda infantil, objetos de casa e artigos vintage. A aquisição das peças da Mistura Brechó é feita através de garimpagem em lojas do sul e sudeste do país e também de pessoas que fornecem lotes com no mínimo 20 peças, as quais passam por uma rigorosa curadoria feita pelo próprio empresário.
Para quem está pensando em investir nesse ramo ou já tem um negócio estabelecido, a recomendação de especialistas do Sebrae é se preparar para se diferenciar, e por isso selecionaram algumas dicas. Como em qualquer negócio, planejamento, pesquisa e busca por orientação são o primeiro passo para uma empresa bem gerida. Boa parte dessa pesquisa já pode ser feita diretamente na internet, pois esse mercado vem ganhando espaço principalmente no mundo virtual.
Existem várias plataformas de vendas on-line que se tornaram um grande canal para itens usados em geral e existem até mesmo alguns marketplaces especializados em roupas usadas. Os marketplaces podem servir também para obter uma visão bastante ampla dos produtos e dos concorrentes e do que os consumidores estão buscando.
É preciso lembrar que os principais criadores de conteúdo e geradores de tendências estão acessíveis a todos pelas redes sociais e muitos também possuem lojas vinculadas aos seus perfis. Acompanhar essas tendências é fundamental para conseguir fazer uma boa seleção de produtos usados, que terão saída e farão girar o estoque.
Agência Sebrae