Quedas no fluxo de clientes, redução dos horários de funcionamento, pagamento de obrigações trabalhistas e fiscais, diminuição das vendas e rentabilidade do negócio. Fatores como esses atingiram em cheio o ânimo de proprietários de pequenos negócios nesse período, em que o país enfrenta o desafio de conter o aumento dos casos de pessoas acometidas com a Covid-19. Pesquisa feita pelo Sebrae, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), revela que 65% das micro e pequenas empresas que participaram da sondagem no Rio Grande do Norte estão com dificuldades para manter as operações empresariais em meio a esse cenário de pandemia.
O levantamento, que vem sendo medido periodicamente, buscou identificar a percepção dos empreendedores em relação à situação do negócio com sucessivas adversidades impostas pelo controle da doença e o impacto gerado no setor produtivo. “Sempre que há uma retração do consumo, é inevitável as empresas sentirem o impacto no faturamento e, por consequência, dificuldades para honrar compromissos com fornecedores, funcionários e a quitação dos tributos. Esse quadro, claro, compromete o funcionamento da empresa”, analisa o gerente do Escritório Metropolitano do Sebrae no Rio Grande do Norte, Thales Medeiros.
Reinvenção
Realizada entre os meses de fevereiro e março com 17,2 milhões de donos de pequenos negócios em todo o país, a pesquisa trouxe, por outro lado, um dado, que pode ser considerado positivo. Segundo a sondagem, que entra na 10ª edição, um quinto dos empreendedores pesquisados no estado aproveitaram as adversidades para adaptar mudanças nas operações, que foram valiosas para o futuro da empresa. Implementaram medidas como a adoção de novas maneiras de se relacionar com o cliente, estratégias de divulgação e meios de pagamento e até canais diferentes de distribuição de produtos ou execução de serviços, em conformidade com regras e protocolos sanitários e de bioprevenção.
Segundo a pesquisa, cerca de 8% dos empresários potiguares de pequeno porte acreditam quem o pior já passou e um menor percentual (4%) está mais otimista e se mostra entusiasmado com perspectivas de novas oportunidades de negócios e vendas que podem ser geradas em momentos de crises.
“Nesses momentos, muitos empreendedores conseguem vislumbrar novas ideias de negócios baseadas nas necessidades do mercado e executar esses planos, que fogem da curva das demais empresas. Um exemplo disso são as startups, que conseguem rapidamente implementar soluções para problemas vividos pela população, utilizando a tecnologia e as plataformas digitais ”, aponta Thales Medeiros.
Mas, segundo o analista técnico do Sebrae-RN, essas novas oportunidades não se restringem somente às iniciativas de base tecnológica. Há diversos casos de empresas que tiveram operações ampliadas nos ramos de comércio e serviços, como as lojas já estabelecidas no varejo, que passaram a vender mais através de redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas, do que nos estabelecimento físicos. Mas também há os exemplos de empresas da área de alimentação fora do lar, atendendo a uma demanda de consumo de forma mais personalizada, frente ao isolamento social. De acordo com a pesquisa, 72% dos empreendedores pesquisados no Rio Grande do Norte utilizam redes sociais, aplicativos e a internet para viabilizar as vendas.
Agência Sebrae